Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Santa Missa "in Coena Domini", Homilia do Papa Bento XVI


Vídeo em espanhol

Amados irmãos e irmãs,

No seu Evangelho, São João refere-nos, mais amplamente do que os outros três evangelistas e com o seu estilo peculiar, os discursos de despedida de Jesus, que se apresentam quase como o seu testamento e a síntese do núcleo essencial da sua mensagem. No início destes discursos, aparece o lava-pés, no qual o serviço redentor de Jesus em favor da humanidade necessitada de purificação é resumido num gesto de humildade. No fim, as palavras de Jesus transformam-se em oração, a sua Oração Sacerdotal, cuja inspiração de fundo foi individuada pelos exegetas no ritual da Festa judaica da Expiação. O que constituía o sentido daquela festa e dos seus ritos – a purificação do mundo, a sua reconciliação com Deus – realiza-se com o acto de Jesus rezar: um rezar que antecipa a Paixão e ao mesmo tempo transforma-a em oração. Assim, na Oração Sacerdotal, torna-se visível também, de maneira muito particular, o mistério permanente de Quinta-feira Santa: o novo sacerdócio de Jesus Cristo e a sua continuação na consagração dos Apóstolos, com a participação dos discípulos no sacerdócio do Senhor. Deste texto inexaurível, pretendo, nesta hora, escolher três afirmações de Jesus, que nos podem introduzir mais profundamente no mistério da Quinta-feira Santa.

A primeira delas é a frase: «É esta a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e Àquele que enviaste, Jesus Cristo» (Jo 17, 3). Todo o ser humano quer viver. Deseja uma vida verdadeira, plena, uma vida que valha a pena, que seja feliz. Associada com este anseio pela vida, aparece ao mesmo tempo a resistência contra a morte, a qual porém é invencível. Quando Jesus fala da vida eterna, pensa no modo autêntico da vida – uma vida que é vida em plenitude e, consequentemente, livre da morte, mas que pode realmente começar já neste mundo; antes, deve ter início aqui: somente se aprendermos já agora a viver de modo autêntico, se aprendermos aquela vida que a morte não pode tirar, é que a promessa da eternidade tem sentido. Mas como é que isto se realiza? O que vem a ser esta vida verdadeiramente eterna, que a morte não pode lesar? A resposta de Jesus, acabamos de a ouvir: A vida verdadeira é que Te conheçam a Ti – Deus – e o teu Enviado, Jesus Cristo. Com surpresa nossa, é-nos dito que vida é conhecimento. Isto significa antes de mais nada: vida é relação. Ninguém recebe a vida de si mesmo e só para si mesmo. Recebemo-la do outro, na relação com o outro. Se é uma relação na verdade e no amor, um dar e receber, a mesma dá plenitude à vida, torna-a bela. Mas, por isso mesmo, a destruição da relação por obra da morte, pode ser particularmente dolorosa, pode pôr em questão a própria vida. Somente a relação com Aquele que em Si próprio é a Vida, pode sustentar a minha vida mesmo para além das águas da morte, pode conduzir-me vivo através delas. Na filosofia grega, já existia a ideia de que o homem pode encontrar uma vida eterna, se se agarrar àquilo que é indestrutível – à verdade que é eterna. Deveria, por assim dizer, encher-se de verdade, para trazer em si a substância da eternidade. Mas, somente se a verdade for Pessoa, é que pode levar-me através da noite da morte. Nós agarramo-nos a Deus – a Jesus Cristo, o Ressuscitado; e somos assim levados por Aquele que é a própria Vida. Nesta relação, nós vivemos mesmo atravessando a morte, porque não nos abandona Aquele que é a própria Vida.

Mas, voltemos à frase de Jesus… É esta a vida eterna: que Te conheçam a Ti e ao teu Enviado. O conhecimento de Deus torna-se vida eterna. Obviamente, por «conhecimento», aqui entende-se algo mais do que um saber exterior, como acontece quando sabemos, por exemplo, da morte de uma pessoa famosa e da realização de uma invenção. Conhecer, no sentido da Sagrada Escritura, é tornar-se interiormente um só com o outro. Conhecer Deus, conhecer Cristo significa sempre também amá-Lo, tornar-se em certa medida um só com Ele em virtude do conhecer e do amar. Por conseguinte, a nossa vida torna-se autêntica, verdadeira e também eterna, se conhecermos Aquele que é a fonte de todo o ser e de toda a vida. Assim a palavra de Jesus torna-se para nós convite: tornemo-nos amigos de Jesus, procuremos conhecê-Lo cada vez mais! Vivamos em diálogo com Ele! Aprendamos d’Ele a vida recta, tornemo-nos suas testemunhas! Tornar-nos-emos assim pessoas que amam e agiremos de modo justo. Então viveremos verdadeiramente.

Ao longo da Oração Sacerdotal, Jesus fala duas vezes da revelação do nome de Deus: «Manifestei o teu nome aos homens que do mundo Me deste» (v. 6); «dei-lhes a conhecer o teu nome e dá-lo-ei a conhecer, para que o amor com que Me amaste esteja neles e Eu esteja neles» (v. 26). O Senhor faz aqui alusão ao episódio da sarça ardente; lá Deus, respondendo à pergunta de Moisés, revelara o seu nome. Portanto Jesus quer dizer que leva a termo o que se iniciara junto da sarça ardente: Deus, que Se dera a conhecer a Moisés, agora revela-Se plenamente n’Ele. E, com isto, Ele realiza a reconciliação: o amor com que Deus ama o seu Filho no mistério da Trindade, envolve agora os homens nesta circulação divina do amor. Mas concretamente que significa que a revelação da sarça ardente é levada a termo, alcança plenamente a sua meta? O essencial do acontecimento do monte Horeb não foi a palavra misteriosa, o “nome”, que Deus entregara a Moisés, por assim dizer, como sinal de reconhecimento. Comunicar o nome significa entrar em relação com o outro. Por isso, a revelação do nome divino significa que Deus, infinito e subsistente em Si mesmo, entra no entrelaçamento de relações dos homens: Ele, por assim dizer, sai de Si mesmo e torna-Se um de nós, um que está presente no meio de nós e ao nosso dispor. Por isso, Israel, sob o nome de Deus não viu apenas um termo envolvido em mistério, mas o facto de Deus estar-connosco. Segundo a Sagrada Escritura, o Templo é o lugar onde habita o nome de Deus. Nenhum espaço terreno encerra Deus; Ele permanece infinitamente acima do mundo. Mas, no Templo, está presente ao nosso dispor como Aquele que pode ser chamado – como Aquele que quer estar connosco. Este estar de Deus com o seu povo realiza-se na incarnação do Filho. Nesta, completa-se realmente o que tivera início junto da sarça ardente: Deus enquanto Homem pode ser chamado por nós e está perto de nós. Ele é um de nós, sem deixar de ser o Deus eterno e infinito. O seu amor sai, por assim dizer, d’Ele mesmo e entra em nós. O mistério eucarístico, a presença do Senhor sob as espécies do pão e do vinho é a máxima e mais alta condensação deste novo estar-connosco de Deus. «Tu és, na verdade, um Deus escondido, Deus de Israel» - rezava o profeta Isaías (45, 15). Isto continua a ser verdade; mas ao mesmo tempo podemos dizer: verdadeiramente tu és um Deus próximo, és Deus-connosco. Revelaste-nos o teu mistério e mostraste-nos o teu rosto. Revelaste-Te a Ti mesmo e Te entregaste nas nossas mãos… Nesta hora, deve invadir-nos a alegria e a gratidão por Ele Se ter manifestado; por Ele, o Infinito e o Inacessível para a nossa razão, ser o Deus próximo que ama, o Deus que podemos conhecer e amar.

O pedido mais conhecido da Oração Sacerdotal é o da unidade para os discípulos, para aqueles de então e os que haviam de vir: «Não peço somente por eles – a comunidade dos discípulos reunida no Cenáculo – mas também por aqueles que vão acreditar em Mim por meio da sua palavra, para que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós e o mundo acredite que Tu Me enviaste» (v. 20s; cf. vv. 11 e 13). Em concreto, que pede aqui o Senhor? Antes de mais nada, Ele reza pelos discípulos daquele tempo e de todos os tempos futuros. Olha em frente para a história futura em toda a sua amplitude. Vê os perigos dela e recomenda esta comunidade ao coração do Pai. Pede ao Pai a Igreja e a sua unidade. Foi dito que a Igreja não aparece no Evangelho de João. Não é verdade; aparece aqui com as suas características essenciais: como a comunidade dos discípulos que, através da palavra apostólica, acreditam em Jesus Cristo e assim se tornam um só. Jesus suplica a Igreja como una e apostólica. Assim esta oração revela-se, propriamente, um acto fundador da Igreja. O Senhor pede a Igreja ao Pai. Esta nasce da oração de Jesus e por meio do anúncio dos Apóstolos, que dão a conhecer o nome de Deus e introduzem os homens na comunidade de amor com Deus. E, por conseguinte, Jesus pede que o anúncio dos discípulos continue ao longo dos tempos; que tal anúncio reúna homens que, baseados no mesmo, reconheçam Deus e o seu Enviado, o Filho Jesus Cristo. Ele reza para que os homens sejam conduzidos à fé e, por meio desta, ao amor. Pede ao Pai que estes crentes «sejam um em Nós» (v. 21); isto é, que vivam na comunhão interior com Deus e com Jesus Cristo e que, a partir deste estar interiormente na comunhão com Deus, se crie a unidade visível. Duas vezes disse o Senhor que esta unidade deverá fazer com que o mundo acredite na missão de Jesus. Portanto deve ser uma unidade que se possa ver: uma unidade que ultrapasse tanto aquilo que habitualmente é possível entre os homens, que se torne um sinal para o mundo e afiance a missão de Jesus Cristo. A oração de Jesus dá-nos a garantia de que o anúncio dos Apóstolos não poderá jamais cessar na história; que suscitará sempre a fé e congregará homens na unidade – uma unidade que se torna testemunho para a missão de Jesus Cristo. Mas esta oração também é sempre um exame de consciência para nós. Nesta hora, o Senhor interpela-nos: vives tu, através da fé, em comunhão comigo e, deste modo, em comunhão com Deus? Ou não estarás porventura a viver mais para ti mesmo, afastando-te assim da fé? E, por isto, não serás talvez culpado da divisão que obscurece a minha missão no mundo, que fecha aos homens o acesso ao amor de Deus? Foi uma componente da Paixão histórica de Jesus e continua uma parte daquela sua Paixão que se prolonga na história o facto de ter Ele visto, e ver, tudo aquilo que ameaça, que destrói a unidade. Quando meditarmos na Paixão do Senhor, devemos também sentir a dor de Jesus pela facto de nos encontrarmos em contraste com a sua oração, de fazermos resistência ao seu amor; de nos opormos à unidade, que deve ser para o mundo testemunho da sua missão.

Nesta hora, em que o Senhor Se oferece a Si mesmo – o seu corpo e o seu sangue – na Santíssima Eucaristia, em que Se entrega nas nossas mãos e corações, oxalá nos deixemos tocar pela sua oração. Oxalá entremos nós mesmos na sua oração, suplicando-Lhe: Sim, Senhor, concede-nos a fé em Ti, que sois um só com o Pai no Espírito Santo; concede-nos viver no teu amor para assim nos tornarmos um só como Tu és um só com o Pai, a fim de que o mundo acredite. Ámen.

(Fonte: site Radio Vaticana)

Santa Missa Crismal, Homilia do Papa Bento XVI


Vídeo em espanhol

Amados irmãos e irmãs!

O centro do culto da Igreja é o Sacramento. Sacramento significa que o primeiro a intervir não somos nós homens, mas Deus que primeiro vem ao nosso encontro com o seu agir, olha-nos e nos conduz até junto de si. E, existe ainda outra coisa extraordinária: Deus nos toca por meio de realidades materiais, através de dons da criação que Ele assume ao seu serviço, fazendo deles instrumentos do encontro entre nós e Ele mesmo. Quatro são os elementos da criação com os quais o universo dos Sacramentos é construído: a água, o pão de trigo, o vinho e o azeite. A água, como elemento básico e condição fundamental de toda a vida, é o sinal essencial do Baptismo, o ato através do qual uma pessoa torna-se cristã; o ato do nascimento para uma vida nova. Enquanto a água é o elemento vital em geral e, por isso, representa o acesso comum ao novo nascimento de todos como cristãos, os outros três elementos pertencem à cultura do ambiente mediterrâneo. Deste modo aludem ao ambiente histórico concreto, no qual o cristianismo se desenvolveu. Deus agiu num lugar bem determinado da terra, verdadeiramente fez história com os homens. Estes três elementos, por um lado, são dons da criação e, por outro, são também indicações dos lugares da história de Deus junto de nós. São uma síntese entre criação e história: dons de Deus que sempre nos ligam com aqueles lugares do mundo onde Deus quis actuar connosco no tempo da história, fazendo-se um de nós.

Nestes três elementos há novamente uma graduação. O pão faz referência à vida quotidiana. É o dom fundamental da vida de todos os dias. O vinho recorda a festa, o primor da criação, em que se pode ao mesmo tempo expressar de modo singular a alegria dos redimidos. O azeite possui um amplo significado. Serve de nutrimento, medicamento, alindamento, adestra para a luta e dá vigor. Os reis e os sacerdotes são ungidos com este óleo, que assim torna-se sinal de dignidade e responsabilidade e ainda da força que vem de Deus. No nosso nome de "cristãos", está presente o mistério do óleo. Com efeito, a palavra "cristãos", com que foram denominados os discípulos de Cristo, já no início da Igreja formada a partir dos pagãos, deriva da palavra "Cristo" (Act 11, 20-21) - tradução grega da palavra "Messias", que significa "Ungido". Ser cristão significa: provir de Cristo, pertencer a Cristo, ao Ungido de Deus, Àquele a quem Deus entregou a realeza e o sacerdócio. Significa pertencer Àquele a quem Deus mesmo ungiu - não com um óleo material, mas com Aquele que é representado pelo óleo: com o seu Espírito Santo. Assim, o azeite simboliza de um modo muito particular a permeabilização do Homem Jesus pelo Espírito Santo.

Na Missa Crismal de Quinta-feira Santa, os santos óleos estão no centro da acção litúrgica. São consagrados pelo Bispo na catedral para o ano inteiro. Assim, exprimem também a unidade da Igreja, garantida pelo Episcopado e aludem a Cristo, o verdadeiro "pastor e guarda das nossas almas", como o chama São Pedro (cf. 1 Pd 2,25). E, ao mesmo tempo, mantêm unido todo o ano litúrgico, ancorado no mistério de Quinta-feira Santa. Enfim, os óleos aludem ao Horto das Oliveiras, onde Jesus aceitou interiormente a sua Paixão. Contudo, o Horto das Oliveiras é também o lugar donde Jesus subiu ao Pai, tornando-se, assim, o lugar da Redenção: Deus não deixou Jesus na morte. Jesus vive para sempre junto do Pai, e por isso mesmo é omnipresente, está sempre junto de nós. Este duplo mistério do Monte das Oliveiras também está "activo" no óleo sacramental da Igreja. Em quatro sacramentos, o óleo é sinal da bondade de Deus que nos toca: no Baptismo; na Confirmação, como sacramento do Espírito Santo; nos vários graus do Sacramento da Ordem; e, finalmente, na Unção dos Enfermos, na qual o óleo nos é oferecido, por dizer assim, como medicamento de Deus - como o medicamento que agora nos torna seguros da sua bondade e deve-nos revigorar e consolar, mas ao mesmo tempo aponta para além do momento da enfermidade, para a cura definitiva, a ressurreição (cf. Tg 5,14). Assim o óleo, nas suas diversas formas, nos acompanha ao longo de toda a vida, desde o catecumenato e o Baptismo até ao momento em que nos preparamos para o encontro com Deus Juiz e Salvador. Em suma, a Missa Crismal, na qual o sinal sacramental do óleo nos é apresentado como linguagem da criação de Deus, fala de modo particular a nós, sacerdotes: fala-nos de Cristo, que Deus ungiu como Rei e Sacerdote; dele, que nos torna participantes do seu sacerdócio, da sua "unção", na nossa ordenação sacerdotal.

Procurarei agora explicar brevemente o mistério deste sinal sagrado na sua referência essencial à vocação sacerdotal. Já na antiguidade, etimologias populares associaram a palavra grega "elaion" - óleo - com a palavra "eleos" - misericórdia. De fato, nos vários Sacramentos, o óleo consagrado é sempre sinal da misericórdia de Deus. Por isso, a unção para o sacerdócio significa sempre também a missão de levar a misericórdia de Deus aos homens. Na lâmpada da nossa vida, não deveria jamais faltar o óleo da misericórdia. Não nos cansemos de procurá-lo a tempo junto do Senhor - no encontro com a sua Palavra, recebendo os Sacramentos, demorando-nos em oração junto dele.

Através da história da pomba com o ramo de oliveira, que anunciava o fim do dilúvio e, desse modo, a nova paz de Deus com o mundo dos homens, tanto a pomba, como o ramo de oliveira e o mesmo óleo tornaram-se símbolos da paz. Os cristãos dos primeiros séculos gostavam de ornamentar as tumbas dos seus defuntos com a coroa da vitória e o ramo de oliveira, símbolo da paz. Sabiam que Cristo venceu a morte e que os seus defuntos repousavam na paz de Cristo. Eles mesmos sabiam que Cristo os esperava, que lhes tinha prometido a paz que o mundo não é capaz de dar. Lembravam-se de que a primeira palavra do Ressuscitado aos seus discípulos fora: "A paz esteja convosco!" (Jo 20,19). Por assim dizer, Ele mesmo traz o ramo de oliveira, introduz a sua paz no mundo. Anuncia a bondade salvífica de Deus. Ele é a nossa paz. Portanto, os cristãos deverão ser pessoas de paz, pessoas que reconhecem e vivem o mistério da Cruz como mistério da reconciliação. Cristo não vence com a espada, mas por meio da Cruz. Vence, superando o ódio. Vence em virtude daquele amor maior que é o seu. A Cruz de Cristo diz "não" à violência. E, justamente assim, ela é o sinal da vitória de Deus, que anuncia o novo caminho de Jesus. A vítima foi mais forte que os detentores de poder. Na sua auto-doação na Cruz, Cristo venceu a violência. Como sacerdotes, somos chamados a ser, na comunhão com Jesus Cristo, homens de paz, somos chamados a opor-nos à violência e a confiar no poder maior do amor.

Também pertence ao simbolismo do óleo o fato de que este robustece para a luta. Isto não contradiz o tema da paz; é, antes, uma parte deste. A luta dos cristãos consistia, e consiste, não no uso da violência, mas no fato de que estes estavam, e ainda estão, prontos a sofrer pelo bem, por Deus. Consiste no fato de que os cristãos, como bons cidadãos, respeitam o direito e fazem aquilo que é justo e bom. Consiste no fato de que rejeitam fazer aquilo que, nos ordenamentos jurídicos em vigor, não é direito, mas injustiça. A luta dos mártires consistia no seu "não" concreto à injustiça: rejeitando a participação no culto idolátrico, na adoração do imperador, recusaram-se a ajoelhar-se diante da falsidade, da adoração de pessoas humanas e do seu poder. Com o seu "não" à falsidade e a todas as suas consequências, exaltaram o poder do direito e da verdade. Assim, serviram a verdadeira paz. Também hoje, é importante para os cristãos seguir o direito, que é o fundamento da paz. Também hoje, é importante para os cristãos não aceitar uma injustiça que é elevada a direito - por exemplo, quando se trata do assassinato de crianças inocentes ainda por nascer. É justamente assim que servimos a paz e vivemos seguindo os passos de Jesus Cristo, de quem São Pedro diz: "Quando injuriado, não retribuía as injúrias; atormentado, não ameaçava; antes, colocava a sua causa nas mãos daquele que julga com justiça. Sobre sua cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça" (1 Pd 2, 23s).

Os Padres da Igreja sentiam-se fascinados por uma palavra do Salmo 45 (44) - segundo a tradição, o salmo nupcial de Salomão - que era considerado pelos cristãos como Salmo para as núpcias do novo Salomão, Jesus Cristo com a sua Igreja. Ali, diz-se ao Rei, Cristo: "Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te consagrou com óleo da alegria, de preferência a teus iguais" (v. 8). O que é este óleo da alegria com o qual foi ungido o verdadeiro Rei, Cristo? Os Padres não tinham qualquer dúvida a este respeito: o óleo da alegria é o próprio Espírito Santo, infundido sobre Jesus Cristo. O Espírito Santo é a alegria que vem de Deus. A partir de Jesus, esta alegria se derrama sobre nós no seu Evangelho, na Boa Nova de que Deus nos conhece, que Ele é bom e que a sua bondade é um poder superior a todos os poderes; que somos queridos e amados por Ele. A alegria é fruto do amor. O óleo da alegria, que foi derramado sobre Cristo e dele passa para nós, é o Espírito Santo, o dom do Amor que nos torna felizes porque existimos. Porque conhecemos Cristo e, em Cristo, Deus, sabemos que é bom ser homem. É bom viver, porque somos amados. Porque a verdade mesma é boa.

Na Igreja antiga, o óleo consagrado foi considerado, particularmente, como sinal da presença do Espírito Santo, que se comunica a nós a partir de Cristo. O Espírito é o óleo da alegria. Esta alegria é uma realidade diversa do divertimento ou da alegria exterior que a sociedade moderna deseja. No seu justo lugar, o divertimento é certamente uma coisa boa e agradável. É bom poder rir. Mas, o divertimento não é tudo. É somente uma pequena parte da nossa vida; e, quando pretende ser tudo, torna-se uma máscara por detrás da qual se esconde o desespero ou pelo menos a dúvida acerca da vida se realmente é boa ou não seria melhor não existir. A alegria, que nos vem de Cristo, é diferente. Essa também nos dá contentamento, mas pode sem dúvida coexistir com o sofrimento. Dá a capacidade de sofrer e, no sofrimento, de permanecer também intimamente felizes. Dá-nos a capacidade de compartilhar o sofrimento dos outros e assim tornar perceptível, na disponibilidade recíproca, a luz e a bondade de Deus. Sempre me faz reflectir a passagem dos Actos dos Apóstolos segundo a qual os Apóstolos, depois terem sido flagelados a mando do Sinédrio, saíram de lá "contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do nome de Jesus" (Act 5,41). Quem ama está pronto a sofrer pelo amado e por causa do seu amor, e precisamente por isso experimenta uma alegria mais profunda. A alegria dos mártires era mais forte do que os tormentos infligidos. No fim, esta alegria venceu e abriu a Cristo as portas da história. Como sacerdotes, somos - diz São Paulo - "colaboradores da vossa alegria" (2 Co 1,24). No fruto da oliveira, no óleo consagrado, toca-nos a bondade do Criador, o amor do Redentor. Rezemos para que a sua alegria nos inunde sempre mais profundamente e peçamos para sermos capazes de levá-la novamente a um mundo tão urgentemente necessitado da alegria que brota da verdade. Amém.

(Fonte: site Radio Vaticana)

Jovens participantes no Congresso Mundial UNIV/Opus Deis manifestam o seu apoio ao Papa (vídeo em espanhol)

S. Josemaría nesta data em 1933

“Não julgueis sem ouvir as duas partes. Mesmo as pessoas que se têm por piedosas se esquecem muito facilmente desta norma elementar de prudência”, anota nesta data.

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

«A verdade…

… não pode nem deve ter outra arma senão ela própria. Aquele que acredita é alguém que achou na verdade a pérola pela qual se dispõe a dar tudo o resto, inclusivamente a si mesmo».

(A Caminho de Jesus Cristo – Joseph Ratzinger)

«É lei primária na história que o que se escreve deve ser conforme com os acontecimentos tal como realmente sucederam».

(Spiritus Paraclitus, EB2, n. 457 - Bento XV [quinze])

«A causa dos nossos males vem da ignorância dos livros sagrados».

(Homilia sobre Col, ad loc. – São João Crisóstomo)

Páscoa a Leste

Celebrações têm ritos e ritmos próprios, que também já são vividos em Portugal

A Páscoa é a primeira festa cristã em importância e antiguidade, pelo que não admira que já no Concílio de Niceia no ano 325, haja prescrições sobre o prazo dentro do qual se pode celebrar a Páscoa, conforme os cálculos astronómicos (primeiro Domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera): de 22 de Março a 25 de Abril.

Estas datas têm como referência, entre nós, o chamado “calendário gregoriano”, introduzido em 1582 pelo Papa Gregório XIII. Contudo, as Igrejas de rito Bizantino, para a celebração da Páscoa, seguem até hoje o “calendário juliano”, que apresenta um atraso de 13 dias em relação ao nosso calendário civil.

Em 2010 dá-se a coincidência de celebrar a Páscoa no mesmo dia, isto é, em 4 de Abril do calendário civil.

Em Portugal, são muitos os imigrantes de Leste greco-católicos ou da Igreja Ortodoxa que celebram, muitas vezes em conjunto, de acordo com este rito.

Tríduo Conclusivo

Na Quinta-feira, a Missa é celebrada conforme o formulário de São Basílio, usado somente dez vezes durante o ano. Este é mais extenso do que o formulário de São João Crisóstomo, usado habitualmente.

O Evangelho que se proclama é composto de uma série de trechos extraídos dos vários evangelistas, sendo a perícope mais longa do ano e compreendendo a narração completa da última Ceia, a traição de Judas e a prisão nocturna de Jesus no jardim das Oliveiras.

A cerimónia do lava-pés, que se faz logo em seguida, é reservada às Catedrais, onde o bispo lava os pés de doze sacerdotes.

Na noite da Quinta-feira Santa antecipa-se o ofício das Matinas da Sexta-feira Santa, isto é, o “Ofício dos Doze Evangelhos da Paixão”, com grande participação dos fiéis que escutam a leitura segurando na mão uma vela acesa.

Sexta-feira

Na Grande Sexta-feira não se celebra nem a liturgia eucarística. Tem lugar a exposição do “Sudário” – o santo Epitáphion, rectângulo de pano que leva pintada e bordada a figura do Cristo Morto.

A parte mais característica das celebrações é o ofício das Matinas (órthros) com os célebres Enkómia (elogios). Junto ao sepulcro do Cristo, representado no Epítáphion, a liturgia sugere elogios e lamentações, intercaladas a versículos do salmo 118 e a outros textos.

Nas “Matinas de Jerusalém” em que se fazem três leituras vetero-testamentárias e a leitura do Evangelho (composição de trechos tirados de Mateus, Lucas e João), dá-se o rito da Sepultura. O Epitáphion, após colocado sobre o altar, é depositado sobre uma mesa (ou túmulo), preparada no centro da igreja, onde permanecerá até o início da Vigília Pascal.

Vigília Pascal

Na Vigília Pascal tem lugar a tradicional “Bênção da Páscoa”, que consiste na apresentação de alimentos que são benzidos pelos sacerdotes.

A solenidade da Ressurreição de Cristo possui uma importância única no Oriente cristão e ocupa por si um lugar, acima mesmo das "Doze grandes festas." É precedida por 10 semanas de preparação, cujos ofícios litúrgicos estão contidos no Triódion penitencial, ao passo que as 8 semanas que se seguem à festa da Páscoa - até Pentecostes e ao Domingo de Todos os Santos - estão contidos no Triódion luminoso ou Pentikostárion.

A Páscoa é o apogeu do ano litúrgico bizantino: é a "festa das festas," a "rainha das festividades," o "primeiro e oitavo dia"; só para repetir algumas expressões da celebração litúrgica. É essa a razão pela qual ela não está na lista das Grandes festas, pois tudo converge para ela.

Igrejas particulares e ritos

O Concílio Vaticano II explica no Decreto Orientalium Ecclesiarum (sobre as Igrejas do Oriente) que tanto no Oriente como no Ocidente há católicos que, “sob o governo pastoral do Romano Pontífice, que sucede por instituição divina a São Pedro no primado sobre a Igreja Universal”, têm diferenças entre si nos seus ritos: “Liturgia, disciplina eclesiástica e património espiritual.”

Esta diversidade de ritos, diz o mesmo documento, “não só não prejudica a unidade da Igreja Católica como a explicita”. O rito bizantino, portanto, não significa uma separação de Roma, mas traz consigo uma riqueza espiritual que ajuda compreender e concretizar a universalidade da Igreja.

Calendário Juliano

É um calendário solar criado em 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César para trazer os meses romanos a seu lugar habitual em relação às estações do ano, confusão gerada pela adopção de um calendário de inspiração lunissolar. César impõe 12 meses com duração predeterminada e a adopção de um ano bissexto a cada 4 anos.

No ano da mudança, para fazer a concordância entre o ano civil e o ano solar, ele inclui no calendário mais dois meses de 33 e 34 dias, respectivamente, entre Novembro e Dezembro, além do 13º mês, o mercedonius, de 23 dias. O ano fica com 445 dias distribuídos em 15 meses e é chamado de ano da confusão.

Esse calendário começa a ser substituído pelo calendário gregoriano a partir do século XVI - a Rússia e a Grécia só fazem a mudança no século XX.

(Fonte: site Agência Ecclesia)

Nota de JPR: na noite da Vigília Pascal a Igreja de S. Domingos em Lisboa manter-se-á aberta toda a noite para acolher os nossos irmãos cristãos e seguidores do rito oriental a pedido dos próprios.

Hora Santa em Getsemani

Educar na abstinência sexual, uma estratégia que funciona

No passado dia 26 de Janeiro, um relatório do Alan Guttmacher Institute revelou que, pela primeira vez desde 1990, a taxa de gravidezes das adolescentes conheceu uma retoma.

Em 2006 - último ano do qual existem dados disponíveis - houve 71,5 gravidezes por cada 1.000 raparigas norte-americanas com idades entre os 15 e os 19 anos, o que significa um aumento de 3% em relação à taxa de 69,5 adolescentes de 2005.


Depois, os autores do relatório estabelecem uma correlação - bastante discutível - entre o aumento da taxa de gravidezes das adolescentes e os programas de educação sexual centrados na abstinência, impulsionados pela Administração Bush.

O relatório do Guttmacher Institute agitou a opinião pública norte-americana. Quase todos os meios de comunicação social concordam em que os resultados que revela são preocupantes. No que não concordam é na identificação da causa.

Alguns periódicos, como o New York Times, acolheram com entusiasmo a hipótese levantada pelo Guttmacher Institute. Outros, como o Washington Post, menciona essa explicação mas não a assume. Entre as causas possíveis, este diário cita o relaxamento dos jovens perante os perigos da SIDA/AIDS (o que os leva a terem relações sexuais sem preservativo) ou a afluência dos imigrantes hispânicos.

A verdade é que, actualmente, os programas que promovem a abstinência sexual dos jovens estão sob suspeita. Para que possam optar por ser financiados por fundos federais, antes tem de se provar que a sua estratégia funciona.

Os dados falam por si

Isto é o que acaba de conseguir um rigoroso estudo publicado na revista Archives of Pediatric & Adolescent Medicine (2-02-2010). Segundo o estudo, realizado por investigadores da Universidade da Pensilvânia, os programas de educação sexual centrados na abstinência conseguem persuadir muitos alunos a atrasarem o início da sua actividade sexual.

É certo que já existiam alguns relatórios que certificavam o sucesso da estratégia da abstinência nos Estados Unidos (cfr. Aceprensa, 7-05-2008). Mas o aspecto inovador é que este estudo conseguiu chamar a atenção dos mais cépticos.

Segundo o Washington Post (2-02-2010), "pela primeira vez, existem provas claras de que um programa de abstinência pode funcionar". É significativo que esta notícia tenha estado durante vários dias entre as cinco mais lidas da sua edição on line.

Os autores do estudo seguiram durante quatro anos 662 adolescentes afro-americanos de classe média, com idades entre os 10 e os 15 anos, que participaram em programas de educação sexual no início do ano 2000. Estes jovens foram escolhidos, porque se trata de uma população de alto risco.

Os programas foram oferecidos em módulos de oito horas - com intervalos, evidentemente - ao longo de vários sábados, em quatro escolas públicas. Alguns alunos participaram em programas centrados exclusivamente na abstinência; os outros assistiram a programas que combinavam diversas estratégias, principalmente a contracepção e a abstinência.

Dois anos após o arranque dos cursos, chegou o momento de fazer o balanço. Um terço dos alunos que tinha assistido aos programas que se limitavam à abstinência havia-se já iniciado nas relações sexuais. Pelo contrário, essa percentagem chega até quase metade dos alunos do outro grupo.

Por outras palavras, a probabilidade dos adolescentes que tinham participado nos programas centrados na abstinência manterem relações sexuais, é 33% mais baixa que nos outros.

Eficácia demonstrada

Para John B. Jemmott, professor da Universidade da Pensilvânia e director do estudo, estes resultados constituem uma oportunidade para se levar mais a sério o debate sobre os programas de educação sexual: "Temos vindo a criticar há já demasiados anos os programas que apostam apenas na abstinência, sem prestar atenção aos dados". "Este estudo mostra que os programas centrados na abstinência podem ser uma alternativa a juntar aos restantes programas de educação sexual que oferecemos", conclui Jemmott.

O estudo da Universidade da Pensilvânia pode ter consequências políticas importantes. Teoricamente, o sistema educativo dos Estados Unidos avaliza tanto os programas de educação sexual contraceptiva, como os que promovem a abstinência dos jovens. Mas na prática, as coisas não são assim tão equitativas. A Administração Obama já tomou partido pela educação sexual contraceptiva, ao eliminar os mais de 170 milhões de dólares que antes eram destinados a financiar os programas centrados na abstinência.

Contudo, uma vez demonstrada a eficácia dos programas que apostam apenas na abstinência, poderiam voltar a receber apoio dos fundos federais.

É o que se depreende de declarações de Sarah Brown, directora da National Campaign to Prevent Teen and Unplanned Pregnancy: "Este novo estudo pode mudar as regras do jogo. Pela primeira vez, há provas claras de que a estratégia da abstinência pode ajudar muitos jovens a atrasar as relações sexuais".

Juan Meseguer Velasco
Aceprensa

Quinta-feira Santa, textos de S. Josemaría Escrivá - O mandamento novo

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele que amara os Seus, que estavam no mundo, levou até ao extremo o Seu amor por eles (Jo 13, 1).

Este versículo de S. João anuncia, ao seu leitor, que vai acontecer algo de importante nesse dia. É um preâmbulo terno e afectuoso, que corresponde àquele que S. Lucas recolhe no seu relato: Tenho desejado ardentemente – afirma o Senhor – comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer (Lc 22, 15).
Cristo que passa, n. 83

Agora, na Última Ceia, Cristo preparou tudo para se despedir dos seus discípulos, enquanto estes se envolviam pela centésima vez na disputa sobre quem seria o maior desse grupo escolhido. Jesus levantou-se da mesa, depôs o seu manto e, pegando numa toalha, cingiu-se. Depois lançou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a limpar-lhos com a toalha com que estava cingido (Jo 13, 4-5).

Pregou de novo com o exemplo, com obras. Diante dos discípulos, que discutiam por motivos de soberba e de vanglória, Jesus inclina-se e cumpre gostosamente o trabalho próprio de um servo. Depois, quando volta para a mesa, comenta: Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-me Mestre e Senhor e dizeis bem, porque o sou. Se eu, pois, que sou o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, deveis também lavar-vos os pés uns aos outros (Jo 13, 12-14). A mim comove-me esta delicadeza do nosso Cristo, porque não afirma: se eu faço isto, quanto mais deveis fazer vós! Coloca-se ao mesmo nível, não coage: fustiga amorosamente a falta de generosidade daqueles homens.

Como aos primeiros doze, o Senhor também nos pode insinuar a nós, como de facto nos insinua continuamente: exemplum dedi vobis (Jo 13, 15), dei-vos exemplo de humildade. Converti-me em servo, para que vós saibais, com coração manso e humilde, servir todos os homens».
Amigos de Deus, n. 103

Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos
Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (Jo 13, 34-35). (…)

Amai os vossos inimigos
Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam (Mt 5, 43-44).

Como eu vos amei
Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que – apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas – te acompanharam até Jerusalém, Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!

O ensinamento e o exemplo do Mestre são claros e precisos. Sublinhou com obras a sua doutrina. (…) Jesus Cristo, Nosso Senhor, encarnou e tomou a nossa natureza, para se mostrar à humanidade como modelo de todas as virtudes. Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11, 29), convida-nos Ele.

O que distinguirá os cristãos de todos os tempos
Mais tarde explica aos Apóstolos o sinal pelo qual os reconhecerão como cristãos, não diz: porque sois humildes. Ele é a pureza mais sublime, o Cordeiro imaculado. Nada podia manchar a sua santidade perfeita, sem mácula (Cfr. Jo 8, 46). Mas também não diz: saberão que se encontram diante de discípulos meus, porque sois castos e limpos.

Passou por este mundo com o mais completo desprendimento dos bens da terra. Sendo Criador e Senhor de todo o universo, faltava-lhe até um sítio onde pudesse reclinar a cabeça (Cfr. Mt 8, 20). No entanto, não comenta: saberão que sois dos meus porque vos não apegastes às riquezas. Permanece quarenta dias e quarenta noites no deserto em jejum rigoroso (Cfr. Mt 4, 2), antes de se dedicar à pregação do Evangelho. E também não afirma aos seus: compreenderão que servis a Deus, porque não sois comilões nem bebedores.

A característica que distinguirá os apóstolos, os cristãos autênticos de todos os tempos, já o ouvimos: nisto – precisamente nisto – conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (Jo 13, 35).
Amigos de Deus, nn. 222-224

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

Charpentier - Leçons de Ténèbres (Office du Jeudi Saint)

Comentário ao Evangelho do dia feito por:

São João-Maria Vianney (1786-1859); presbítero, Cura d'Ars
Sermão para a Quinta-Feira Santa

«Amou-os até ao fim»

Que amor, que caridade, a de Jesus Cristo, em ter escolhido a véspera do dia em que ia ser morto para instituir um sacramento por meio do qual permanecerá entre nós, como Pai, como Consolador, e como toda a nossa felicidade! Mais felizes ainda do que aqueles que O conheceram na Sua vida mortal pois, estando Ele num só lugar, tinham de se deslocar de longe para terem a felicidade de O ver, nós encontramo-Lo em toda a parte, e essa felicidade foi-nos prometida até ao fim do mundo. Ó imenso amor de Deus pelas Suas criaturas!

Não, nada pode detê-Lo, quando quer mostrar-nos a grandeza do Seu amor. Neste momento de felicidade para nós, toda a Jerusalém está a ferro e fogo, a populaça está enfurecida, todos conspiram para a Sua perda, todos querem verter o Seu adorável sangue - e é precisamente nesse momento que Ele prepara para eles, como para nós, a prova mais inefável do Seu amor.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 1 de Abril de 2010

São João 13,1-15

1 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a Sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao extremo.2 Durante a ceia, tendo já o demónio posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a determinação de O entregar,3 Jesus, sabendo que o Pai tinha posto nas Suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e voltava para Deus,4 levantou-Se da mesa, depôs as vestes e, pegando numa toalha, cingiu-Se com ela.5 Depois deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido.6 Chegou, pois, a Simão Pedro. Pedro disse-Lhe: «Senhor, Tu lavares-Me os pés?».7 Jesus respondeu-lhe: «O que Eu faço, tu não o compreendes agora, mas compreendê-lo-ás depois».8 Pedro disse-Lhe: «Jamais me lavarás os pés!». Jesus respondeu-lhe: «Se Eu não te lavar não terás parte comigo».9 Simão Pedro disse-Lhe: «Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça».10 Jesus disse-lhe: «Aquele que tomou banho não tem necessidade de se lavar, pois todo ele está limpo. Vós estais limpos, mas não todos».11 Ele sabia quem era o que O ia entregar, por isso disse: «Nem todos estais limpos».12 Depois que lhes lavou os pés e que retomou as Suas vestes, tendo tornado a pôr-Se à mesa disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz?13 Chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem porque o sou.14 Se Eu, pois, sendo vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés também vós deveis lavar os pés uns aos outros.15 Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, assim façais vós também.