Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Bento XVI sempre considerou um erro dizer-se "Igreja pecadora"

O vaticanista Sandro Magister afirmou num recente artigo que o termo "Igreja pecadora" nunca foi considerado correcto pelo Papa Bento XVI, pois embora esta fórmula esteja na moda, é alheia à tradição cristã.

Magister referiu-se ao artigo do L'Osservatore Romano sobre o encontro entre o Papa e os cardeais por ocasião do seu quinto aniversário de eleição pontifícia, e no qual o jornal escreveu que "o Pontífice tem feito referência aos pecados da Igreja, recordando que ela, ferida e pecadora, experimenta mais o consolo de Deus".

Entretanto, adverte Magister, "é duvidoso que Bento XVI tenha se expressado dessa maneira. A fórmula ‘Igreja pecadora’ nunca foi dele tendo-a sempre a considerado equivocada".

Como exemplo, citou a homilia da Epifania de 2008, onde "definiu a Igreja de um modo totalmente distinto: ‘Santa e composta por pecadores’".

"E se examinarmos bem encontraremos que ele sempre a definiu desse modo. No final dos exercícios de Quaresma de 2007, Bento XVI agradeceu ao pregador – que esse ano havia sido o Cardeal Giacomo Biffi – ‘por haver-nos ajudado a amar mais a Igreja, a 'immaculata ex-maculatis', como nos ensinaste com (citando) Santo Ambrósio’".

A expressão "immaculata ex-maculatis", explica o vaticanista, "está numa passagem do comentário de Santo Ambrósio ao Evangelho do Lucas" e significa "que a Igreja é Santa e sem mancha, mesmo quando acolhe nela homens manchados de pecado".

Magister explicou que o Cardeal Biffi publicou em 1996 um ensaio dedicado a este tema e que continha no título "uma expressão mais ousada ainda, aplicada à Igreja: ‘Casta meretrix’, meretriz casta"; fórmula usada pelo "catolicismo progressista" para dizer "que a Igreja é Santa ‘mas também pecadora’ e deve sempre pedir perdão pelos ‘próprios’ pecados"; e que Hans Küng afirma que foi usada "frequentemente desde a época patrística".

"Frequentemente? Pelo que sabemos, em todas as obras dos Padres, a fórmula só aparece uma vez: no comentário de Santo Ambrósio ao Evangelho do Lucas. Nenhum outro Padre latino ou grego jamais a usou, nem antes nem depois", esclareceu Magister.

O vaticanista acrescentou que Santo Ambrósio aplicou este termo em relação à simbologia de Raabe, a prostituta de Jericó que "hospedou e salvou em sua própria casa a uns israelitas fugitivos"; e que já antes deste Padre da Igreja, tinha sido vista como "protótipo" da Igreja. "A fórmula ‘fora da Igreja não existe salvação’, nasceu precisamente do símbolo da casa salvadora de Raabe", explicou Magister.

O Cardeal Biffi, indicou Magister, explicou que a expressão casta meretrix, "longe de aludir a algo pecaminoso e reprovável, quer indicar (…) a santidade da Igreja. Santidade que consiste tanto na adesão sem hesitações e sem incoerências a Cristo seu esposo ('casta') como na vontade da Igreja de alcançar a todos para levar a todos à salvação ('meretrix')".

O vaticanista sublinhou que o facto de que "aos olhos do mundo a Igreja possa aparecer ela mesma manchada de pecados e golpeada pelo desprezo público, é algo que remete à de seu fundador Jesus, que também foi considerado um pecador pelas potências terrenas de seu tempo".

Entretanto, recordou que a Igreja é Santa pelo seu fundador e por isso pode acolher "os pecadores e sofrer com eles pelos males que padecem e curá-los". "Em dias calamitosos como os actuais, cheios de acusações que querem invadir precisamente a santidade da Igreja, esta é uma verdade que não se deve esquecer", afirmou.

(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)

Fátima - PROGRAMA OFICIAL DA PEREGRINAÇÃO ANIVERSÁRIA DE MAIO DE 2010

Peregrinos a Pé

Dia 11 - 18:30 - Missa, na Igreja Santíssima Trindade

Dia 12

07:30 - VIA-SACRA, aos Valinhos, partindo da Capelinha e terminando na Capela do Calvário Húngaro, com a Eucaristia. Pedimos aos grupos que se abstenham de fazer via-sacra própria, entre as 07:30 e as 09:00, para não perturbar a oficial.
MISSAS, em português, na Basílica:
07:30, 09:00, 11:00 e 12:30.
MISSAS em línguas estrangeiras, na Capelinha:
07:30 - Deutsch (Alemão).
08:30 - English (Inglês).
09:30 - Français (Francês).
10:30 - Español (Espanhol).
11:30 - Nederlands (Neerlandês).
12:30 - Italiano (Italiano).
13:30 - Po Polsku (Polaco).
16:00 - PROCISSÃO EUCARÍSTICA, no Recinto.
17:10 – O SANTO PADRE CHEGA AO ESTÁDIO MUNICIPAL DE FÁTIMA (Eira da Pedra) Deslocação para o Santuário: Estrada de Minde, Rotunda Sul, Avenida D. José Alves Correia da Silva; entrada no Recinto junto à Igreja Santíssima Trindade.
17:30 - SAUDAÇÃO A NOSSA SENHORA, na Capelinha, PELO SANTO PADRE.
18:00 - VÉSPERAS com sacerdotes, diáconos, religiosos/as e seminaristas, na Igreja Santíssima Trindade (com inscrição prévia), COM O SANTO PADRE.
21:30 - BÊNÇÃO DAS VELAS, na Capelinha, e ORAÇÃO DO ROSÁRIO, PELO SANTO PADRE.
- PROCISSÃO DE VELAS, no Recinto.
22:30 - MISSA INTERNACIONAL, no Altar do Recinto, presidida pelo Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano.

Dia 13

Noite de Vigília
00:00 às 02:00 - Adoração ao Santíssimo Sacramento, na Igreja Santíssima Trindade.
02:00 às 03:30 - Via-sacra, no Recinto.
03:30 às 04:30 - Celebração Mariana, na Capelinha.
04:30 às 05:30 - Missa, na Igreja Santíssima Trindade.
05:30 às 06:45 - Adoração com Laudes do Santíssimo Sacramento, na Igreja Santíssima Trindade.
07:00 - PROCISSÃO EUCARÍSTICA, no Recinto.
09:00 - ROSÁRIO, na Capelinha.
09:45 - O SANTO PADRE sai da Casa de Nossa Senhora do Carmo e dirige-se à Capelinha.
10:00 - PROCISSÃO, MISSA INTERNACIONAL, BÊNÇÃO DOS DOENTES E PROCISSÃO DO ADEUS. PRESIDE O SANTO PADRE BENTO XVI

17:00 - ENCONTRO DO SANTO PADRE com as organizações da Pastoral Social, na Igreja Santíssima Trindade (com inscrição prévia).
18:45 - Encontro DO SANTO PADRE com os Bispos de Portugal, na Casa de Nossa Senhora do Carmo.

Dia 14

08:15 - O SANTO PADRE deixa a Casa de Nossa Senhora do Carmo em direcção ao Estádio Municipal de Fátima.

(Fonte: Boletim Informativo do Santuário de Fátima 50/2009, de 27 de Abril de 2010)

D. Manuel Clemente, recebe o Prémio Pessoa 2009

D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, recebe nesta terça-feira o Prémio Pessoa 2009, numa cerimónia que conta com a presença do presidente da República, Cavaco Silva.

A entrega terá lugar esta tarde na Culturgest de Lisboa.

Ao receber a notícia da atribuição do galardão, em Dezembro do ano passado, D. Manuel Clemente considerou que ele “é um encargo e uma responsabilização” para alguém que, como “homem da Igreja”, tenta também ser “um homem da Cultura e da Sociedade”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o Bispo do Porto referira que o Prémio representa um “sinal público” de que a Igreja está atenta a todas as realidades da sociedade.
Para este responsável, a missão da Igreja passa por “dar um sinal público de que estamos atentos a tudo”, como “um sinal activo de atenção e de esperança”.

O Prémio Pessoa, pretende “reconhecer a actividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país”.

Aquando do anúncio do vencedor, Cavaco Silva reagiu com satisfação considerando a escolha de D. Manuel Clemente como “de toda a justiça”.

Nessa altura, D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) realçou que a Igreja em Portugal deve “sentir-se orgulhosa”.

O Arcebispo de Braga sublinhou que o galardão é “o reconhecimento público do mérito, do seu trabalho, competência e honestidade intelectual”.

O padre e poeta Tolentino Mendonça considera, por seu lado, que o galardão distingue “uma das grandes testemunhas do nosso tempo”.

“D. Manuel Clemente é um dos pensadores mais originais e vivos deste tempo português e alguém que faz do pensamento um exercício de responsabilidade ética”, afirmou o director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Na Conferência Episcopal Portuguesa tem sido promotor da Pastoral da Cultura desde 11 de Abril de 2002. Actualmente é presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

É autor de obras como “A Igreja no Tempo, História Breve da Igreja Católica” e de vários trabalhos sobre o catolicismo em Portugal a partir do Liberalismo.
D. Manuel Clemente é conhecido e respeitado no meio cultural pelo diálogo com os diferentes sectores do pensamento intelectual e social.

(Fonte: site Radio Vaticana)

S. Josemaría nesta data em 1954

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Festa de Nossa Senhora de Montserrat. Sofre um choque anafiláctico e começa a ficar inexplicavelmente curado da diabetes de que sofre há 10 anos. “Quando estava quase a perder os sentidos, em poucos segundos, o Senhor fez-me ver a minha vida como se fosse um filme; enchi-me de vergonha por tantos erros, e pedi perdão a Deus. É impossível passar por mais. É como se tivesse morrido”.

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

O pelagianismo burguês

«A primeira variação da presunção, (…), é o pelagianismo burguês-liberal, que se baseia mais ou menos na seguinte consideração: Se Deus tem de existir e se toma realmente conta do homem, não pode ser assim tão tremendamente cheio de pretensões, tal como nos é apresentado pela fé da Igreja. No fundo eu não sou pior que os outros, cumpro o meu dever, e as pequenas fraquezas humanas não podem realmente ser assim tão perigosas. Nesta atitude tão comum estão novamente escondidas a auto-redução e a modéstia pessoal (…) perante o amor infinito, do qual o indivíduo, com o burguês contentamento de si mesmo, pensa não ter necessidade. Talvez durante tempos tranquilos se possa viver prolongadamente nesta atitude, mas nos momentos de crise ou a pessoa se converte ou cai no desespero».

(“Olhar para Cristo” – Joseph Ratzinger)

Bento XVI é modelo de amizade com Jesus, diz pastor luterano de Roma

O pastor luterano de Roma, Jens-Martin Kruse, comentou que o Papa Bento XVI é um modelo de amizade com Jesus e um exemplo do diálogo ecuménico entre os cristãos, num artigo publicado pelo L’Osservatore Romano e no qual se referiu à visita em Roma à sua comunidade o passado dia 14 de Março.

Kruse salienta a aproximação do Santo Padre aos luteranos de Roma "com cada um dos seus membros, a sua participação na liturgia e a sua homilia profunda e rica em conteúdos".

Naquela oportunidade, Bento XVI reflectiu sobre a passagem do Evangelho de São João no qual os apóstolos Felipe e André dizem "Senhor, queremos ver a Jesus".

Kruse assinala logo que "os peregrinos que vão ao encontro de Deus, e ao mesmo tempo, são amigos de Jesus pode abrir a outras pessoas uma porta para Ele. Com isto o Papa descreveu os passos fundamentais de uma vida cristã. E estas duas imagens expressam duas ideias que mostram claramente como Bento XVI concebe e desenvolve seu serviço, imprimindo a este pontificado seu carácter particular".

"Quem se encontra com o Papa – prossegue o pastor luterano – encontra um cristão que não põe a si mesmo ao centro ou a seu ministério, mas a Jesus Cristo. Ele quer conhecê-Lo sempre mais e conduzir a outros ao encontro d’Ele, porque ele mesmo experimentou que a fé dá o consolo e a esperança, realização e sentido da vida".

Esta tarefa, explica Kruse, o Santo Padre a cumpre "com as homilias, as catequeses e as visitas pastorais, com prudência, discrição e humildade, mas de modo tão convincente que fazem dele um modelo na fé também para os luteranos".

Logo depois de assinalar que o Papa trata os temas mais importantes de nosso tempo como os direitos do homem e a relação entre religiões, o pastor afirma que o Santo Padre "dá cada dia uma contribuição importante à fé cristã".

"Como peregrino e como amigo de Jesus vai sempre ao encontro das pessoas, testemunha a mensagem evangélica e alenta assim a acreditar: com pequenos gestos e sinais que com frequência não têm uma grande ressonância, mas que são – e Bento XVI sabe – indispensáveis para manter viva a comunidade de fiéis e faz com que se cresça na fé".

"Damos graças porque em Bento XVI encontramos um Papa que se considera peregrino no caminho para Deus e amigo de Jesus", conclui.

(Fonte: ‘ACI Digital’)

CONHECER BENTO XVI – Em busca de uma ética universal

Face aos riscos do relativismo, uma das preocupações primordiais de Bento XVI é que a lei natural seja encarada sob um novo ponto de vista. Trata-se de estabelecer uma ética universal, tão necessária num mundo globalizado. Para responder a esta inquietação, a Comissão Teológica Internacional publicou um documento, síntese de cinco anos de reflexão sobre o tema.

Com data de 12 de Junho de 2009, a Comissão Teológica Internacional, organismo consultivo da Congregação para a Doutrina da Fé, publicou um documento sobre a lei natural, com o título "Em busca de uma ética universal: uma nova visão sobre a lei natural". O documento consta de 116 parágrafos, distribuídos por cinco capítulos, precedidos de uma introdução de 11 parágrafos, e terminando com uma breve conclusão de 4 parágrafos.

Os parágrafos iniciais pretendem ser uma contribuição para os desafios éticos da globalização, o principal dos quais consiste, precisamente, em reconhecer a existência de valores éticos universais que possam servir-nos de guia para a resolução de problemas comuns. Neste contexto, o documento refere-se a problemas como o equilíbrio ecológico, a protecção do ambiente, a ameaça do terrorismo, o crime organizado, as novas formas de opressão e violência, os rápidos desenvolvimentos da biotecnologia, etc.

Face ao relativismo que caracteriza alguns sectores da cultura contemporânea, o documento quer chamar a atenção para a universalidade de certos valores éticos; uma das principais manifestações desta atitude é precisamente a admiração que determinados valores despertam em nós e que constitui, por si mesma, um estímulo para a reflexão ética.

Uma linguagem ética comum

É justamente o reconhecimento desses valores que nos leva a procurar uma linguagem ética comum para todos os homens, tarefa que é referida no último parágrafo como "necessária e urgente" (n. 116). De facto, o documento acentua que a percepção dessa necessidade, que interpela também os cristãos, é inseparável de uma certa experiência de conversão, pela qual nos vemos instados a superar a indiferença e as barreiras que, de um modo ou de outro, costumamos levantar face aos que nos são estranhos (n. 4).

A percepção de que era necessário encontrar uma linguagem ética comum conduziu, no decurso do século passado, a diversas iniciativas. O documento destaca três: a Declaração Universal dos Direitos do Homem, publicada logo após a II Guerra Mundial, a proposta de uma ética mundial com base nos consensos entre religiões, e as éticas dialógicas e de consenso.

Sem deixar de reconhecer os elementos positivos presentes nessas iniciativas, o documento salienta as suas insuficiências: quer seja a tendência para interpretar os direitos do homem separando-os da sua dimensão ética racional, quer seja a tendência para apresentar a ética mundial sobre bases puramente indutivas, por si mesmas incapazes de proporcionar aos valores um fundamento absoluto, quer seja, finalmente, a tendência para esvaziar a ética de conteúdos, reduzindo-a à submissão a meros procedimentos formais (nn. 5-8).

Face a estas abordagens, o documento convida todos aqueles que se interrogam sobre os fundamentos últimos da ética e da ordem jurídica e política a reconsiderarem uma exposição renovada da doutrina da lei natural (n. 10).

Convergência das tradições

O primeiro capítulo, que tem por título "Convergências", apresenta-se como um itinerário histórico, destinado a mostrar os pontos comuns que, tanto nas diferentes tradições sapienciais e religiosas, como na reflexão filosófica, avalizam o pensamento de uma lei natural.

No respeitante às sabedorias e às religiões não cristãs (referem-se o hinduísmo, o budismo, o taoismo, as tradições africanas e o islão), o documento salienta que, para lá das limitações que se podem detectar em muitos casos, o cristianismo vê nelas um reflexo da sabedoria divina que actua no coração dos homens.

No caso do pensamento grego, salienta o texto clássico da Antígona de Sófocles, o pensamento de Platão e Aristóteles sobre o direito natural, assim como a elaboração estóica da lei natural. Noutra ordem de ideias, mostra também como a Sagrada Escritura ecoa este património ético universal nos livros sapienciais, na formulação positiva que Cristo faz da "regra de ouro", ou na pregação de São Paulo.

A síntese clássica

Os escritos dos Padres da Igreja constituem uma nova confirmação deste património ético, pois eles falam com frequência de uma lei natural, ainda que a projectem num horizonte metafísico e pessoal distinto do estóico. Esta doutrina patrística, juntamente com a tradição do ius gentium, passaria para a reflexão medieval, período em que a doutrina da lei natural atinge a sua formulação clássica, especialmente na obra de São Tomás de Aquino.

O documento resume em quatro pontos aquilo que nos leva a considerar a exposição tomista da lei natural uma formulação clássica da mesma:

• a) representa uma síntese alcançada a partir das reflexões anteriores sobre a lei natural, pagãs ou cristãs;
• b) tenta situar a lei natural num quadro metafísico e teológico mais geral, apresentando-a como participação da criatura racional na lei eterna, graças à qual a criatura entra de modo consciente e livre nos desígnios da Providência, de tal modo que a mesma lei natural não é um sistema fechado e completo de normas morais, mas uma fonte de inspiração constante;
• c) considera a ordem ética e política como uma ordem racional, obra da inteligência humana, e que define um espaço de autonomia que permite distingui-la da ordem própria da revelação religiosa, sem dela a separar;
• d) finalmente, aos olhos dos teólogos e juristas escolásticos, a lei natural representava um ponto de referência e um critério à luz do qual se podia avaliar a legitimidade das leis positivas e dos costumes particulares (n. 27).

O descrédito provocado pelas formulações modernas

Com as formulações modernas, contudo, perdem-se elementos decisivos dessa síntese clássica. Como factores geradores do empobrecimento e da distorção da doutrina clássica da lei natural, o documento salienta principalmente dois: por um lado, o voluntarismo, que introduz a tese da potência absoluta de Deus, segundo a qual Deus pode agir independentemente da sua sabedoria e da sua bondade, o que constitui uma relativização de todas as estruturas inteligíveis existentes e, no caso do homem, se traduz numa concepção da liberdade como pura capacidade de escolher entre opções contrárias.

Por outro lado, o racionalismo, que leva a prescindir da referência a Deus como fundamento último da lei natural, esperando encontrar unicamente nas essências criadas a base dessa lei. Este racionalismo, que conduz a uma apresentação da lei natural "como se Deus não existisse", apoiando-se no facto de as diferenças religiosas terem sido historicamente motivo de conflito, constitui uma das forças secularizantes da modernidade (nn. 29-31).

Ora, as teorias da lei natural inspiradas neste duplo princípio caracterizam-se em geral por quatro traços: a) crença essencialista numa natureza humana imutável e a-histórica; b) abstracção da situação concreta da pessoa humana na história da salvação, concretamente do modo como o pecado e a graça afectam o conhecimento e a prática da lei natural; c) a ideia de que se podem deduzir os preceitos da lei natural a partir da definição da essência humana; d) apresentação da lei natural como código de preceitos que regula a totalidade do comportamento (n. 33).

Na medida em que os desenvolvimentos das ciências empíricas e da consciência histórica dos séculos XIX e XX puseram em causa estas quatro características, compreende-se facilmente o descrédito em que caiu a ideia de lei natural entre muitas pessoas (n. 33).

Razões para a Igreja invocar a lei natural

Contudo, sempre que o Magistério da Igreja se refere à lei natural, é à versão clássica da mesma que se refere. Assim fizeram Leão XIII, em 1888 (Libertas praestantissimum), para identificar a fonte da autoridade civil e fixar os respectivos limites, para proteger a propriedade privada ou defender o salário mínimo; João XXIII para fundamentar os direitos e deveres do homem (Pacem in terris, 1963); Pio XI (Casti connubii, 1930) e Paulo VI (Humanae vitae, 1968) em questões de moral conjugal. Por outro lado, o Catecismo da Igreja Católica (1992) salienta que a lei natural é comum a crentes e não crentes: na medida em que a Revelação assume as exigências da lei natural, a Igreja, mediante o seu Magistério, torna-se seu garante e intérprete. Também João Paulo II na encíclica Veritatis splendor (1993) atribui à lei natural uma posição determinante na exposição da moral cristã (n. 34).

Actualmente, a Igreja invoca a lei natural sobretudo em quatro contextos:

• 1. face a uma cultura que opera frequentemente com um conceito reduzido de racionalidade e abandona a vida moral ao relativismo, a invocação da lei natural vem lembrar a racionalidade da ética, fornecendo assim uma base para o diálogo intercultural e inter-religioso;
• 2. face ao individualismo relativista, que faz do indivíduo e dos seus interesses a fonte do valor, e da sociedade o resultado de um contrato, o recurso a uma lei natural recorda o carácter não convencional, mas antes natural e objectivo, das normas fundamentais que regulam a vida social e política;
• 3. face ao laicismo agressivo que quer excluir os crentes do debate político, invoca-se a lei natural para defender causas que não são confessionais mas simplesmente humanas: direitos face à opressão, a justiça nas relações internacionais, a vida e a família, a liberdade de religião e de educação...
• 4. face ao abuso de poder e ao totalitarismo, implícito também no positivismo jurídico, a Igreja recorda que as leis civis contrárias à lei natural não obrigam em consciência (n. 35).

A percepção dos valores morais

Os dois capítulos seguintes são complementares e constituem a parte analítica do documento. O capítulo 2, com o título "A percepção dos valores morais", apresenta a experiência moral - deve-se fazer o bem - como uma experiência na qual o bem "se impõe ao sujeito" com toda a força de uma lei que exprime uma exigência ao próprio espírito (n. 43).

Com esta bagagem conceptual, constata-se, por um lado, a universalidade da lei natural, e o modo com essa universalidade é compatível com a sua historicidade; e explicita-se o papel das disposições morais no reconhecimento e na actuação segundo a lei natural, mostrando ao mesmo tempo a continuidade existente entre lei natural e virtude (nn. 55-59).

O capítulo 3, intitulado "Os fundamentos da lei natural", debruça-se sobre a reflexão filosófica e teológica que pretende esclarecer os fundamentos epistemológicos e metafísicos da experiência moral, exposta no capítulo anterior. No plano da fundamentação última, destacam-se as noções de criação e participação (nn. 62-63), a partir das quais se compreende a relevância moral das noções de natureza e pessoa.

O recurso à natureza e à pessoa

O documento insiste na necessidade de uma compreensão cabal, metafísica, do conceito de natureza, a fim de evitar as interpretações erradas de que a lei natural foi objecto no decurso dos séculos XIX e XX, tanto nos contextos filosóficos - o documento refere-se à chamada "lei de Hume" e à "falácia naturalista" denunciada por Moore - como teológicos, campos em que os apelos à natureza e à pessoa foram, com frequência, indevidamente contrapostos (nn. 64-68).

O esclarecimento destes aspectos deveria levar-nos a reconhecer que "o conceito de lei natural pressupõe a ideia de que a natureza é, para o homem, portadora de uma mensagem ética, e constitui uma norma moral implícita, que a razão humana actualiza" (n. 69). Contudo, para percebermos que tal não pressupõe qualquer "fisicismo", impõe-se uma reflexão de ordem metafísica, que tenha em consideração a analogia do ser, assim como uma filosofia da natureza que tenha em consideração a profundidade inteligível do mundo sensível. Com base nessa reflexão poder-se-iam estabelecer igualmente os princípios de uma "ecologia integral" (n. 82).

Acepensa

"A lei natural e a cidade"

O capítulo 4, com o título "A lei natural ea cidade" começa por referir a relação entre pessoa e sociedade como chave que ilumina a passagem da lei natural para o direito natural. Se a pessoa, como fim em si mesma, está no centro da ordem social e política, a sua condição naturalmene social impede que se considere a sociedade como o resultado de um puro contrato: as relações com os outros são necessárias para a sua realização como pessoa (nn. 83-85).

Neste sentido, o bem comum não é apenas o fim próprio da política; também permite à pessoa ser cada vez mais pessoa humana. Para isso, a sociedade deve promover a realização das inclinações naturais da pessoa humana. Neste sentido, o documento destaca quatro valores que, derivando da lei natural, definem o perfil do bem comum: a liberdade, a verdade, a justiça e a solidariedade (nn. 86-87).

Quando consideramos as relações de justiça entre os seres humanos, a lei natural exprime-se como direito natural (nn. 88-89). Este não é uma regra estabelecida de uma vez para sempre, antes enuncia o juízo da razão prática que dá valor ao que é justo (n. 90). Como tal, é medida do direito positivo, o qual deve esforçar-se por actualizar as exigências do direito natural, quer como conclusão - eg, o direito natural proíbe o homicídio, o direito positivo proíbe o aborto -, quer na forma de determinação - o direito natural prescreve que os culpados sejam punidos, o direito positivo determina que pena se deve aplicar a cada delito (n.91).

Os direitos naturais constituem a medida das relações humanas anteriores à vontade do legislador, e não se baseiam nos desejos inconstantes dos indivíduos, mas na própria estrutura dos seres humanos e das suas relações humanizadoras (n. 92).

O recurso ao direito natural exige o reconhecimento de um projecto ético intrínseco à vida política, diferente do projecto religioso. O documento recorda que a revelação bíblica convida a humanidade a considerar que a ordem da criação é uma ordem universal, na qual participa toda a humanidade, e que é uma ordem acessível à razão.

Convida ainda a distinguir entre a ordem racional da política, e a ordem da graça e da escatologia, deduzindo desta distinção uma dupla consequência: o Estado não pode arvorar-se em possuidor do sentido último da história, pois o âmbito do sentido último, na sociedade civil, diz respeito às organizações religiosas, à filosofia e à espiritualidade; e estas jurisdições devem, por sua vez, contribuir para o bem comum, reforçando os vínculos sociais e promovendo os valores universais que fundamentam a mesma ordem política.

Se, por um lado, "a lei natural contém a ideia de estado de direito, que se estrutura segundo o princípio da subsidiariedade, respeitando as pessoas e os grupos intermédios e regulando as suas interacções", por outro lado, a política deve proceder a um debate racional aberto à transcendência (nn. 93-98).

O último capítulo trata das relações entre lei natural e Evangelho; sob esse ponto de vista, refere-se a Jesus Cristo, Logos encarnado, lei viva, como cumprimento perfeito da lei natural (n. 107), que, além de constituir um modelo ético, proporciona aos homens a possibilidade real de cumprirem a lei do amor; com efeito, a graça do Espírito Santo é o elemento principal da nova lei, que é a lei da liberdade.

Deste modo, a referência a uma lei natural surge como uma chave que, por um lado, mantém um vínculo com a nova lei do Evangelho e, por outro lado, oferece uma ampla base de diálogo com todo o tipo de pessoas, com vista à procura do bem comum (n. 112).

Aceprensa

Bem-Aventurados os Pobres em Espirito, porque deles é o Reino dos Céus

Os pobres em espírito, são bem-aventurados, prometeu o Senhor.

Sou, eu, pobre em espírito?

Não sou, tenho humildemente de reconhecer. Não sou, portanto, bem-aventurado.
Assim, radicalmente, esta realidade absoluta, causa-me calafrios. Mas é a verdade!

Não sendo pobre em espírito não sou bem-aventurado!

Porque desejo coisas, bens, confortos, disponibilidades.
Porque sonho, acordado, em ter, possuir mais do é necessário e justificável.
Porque ambiciono posses para fazer isto e aquilo, poder comprar, poder gastar, não sei bem para quê ou em quê.
Enfim, porque desejo, muitas vezes desenfreadamente, sem me dar conta que estou a subir um caminho que, na verdade, desce.

Pobre em espírito... é o que tenho que ser ou, pelo menos, tentar ser, de uma forma continuada. Tenho de estar vigilante na minha imaginação. Tenho de traçar um caminho bem definido que me marque bem as balizas do que é legítimo querer e do que é supérfluo desejar.
Devo conhecer exactamente o que quero e para que quero o que desejo.

Não mascarar as minhas ambições, porque de ambições se trata, com subterfúgios como, por exemplo, se tivesse este ou aquele dinheiro, daria esta ou aquela esmola, faria esta ou aquela contribuição.
O que quero tem de ser legítimo, do ponto de vista da necessidade, da justificação e da utilidade.
É legitimo desejar ter uma casa, já não será tanto que essa casa tenha piscina, um jardim com tantos metros quadrados, ginásio, ténis, enfim, uma quantidade de coisas que são, evidentemente, supérfluas. Não há mal em tê-las, mas não é bom desejá-las como uma coisa essencial.

Como cristão, tenho de considerar sempre que me compete viver com dignidade e com recato.
Não conseguirei este espírito de pobreza, desprendimento, sem a ajuda constante do meu Senhor.
Só com a Sua ajuda poderei moderar os meus desejos, calcar as minhas ambições e ir-me tornando pobre em espírito, para poder ser bem-aventurado e possuir o Reino dos Céus.


(AMA, considerações sobre as Bem-Aventuranças, Abril de 1987)

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

Tema para reflexão

Tema: Evangelium Vitae 34 e

A vida que Deus dá ao homem, é muito mais do que uma existência no tempo. É tensão para uma plenitude de vida; é germe de uma existência que ultrapassa os próprios limites do tempo: «Deus criou o homem para a incorruptibilidade, e fê-lo à imagem da sua própria natureza»
(JOÃO PAULO II, Evangelium vitae, 34 e)

Doutrina: Santíssima Trindade

Os cristãos são baptizados "em nome do Pai, do Filho e dó Espírito Santo" (Mt 28,19) Antes disso, eles respondem "Creio" à tríplice pergunta que os manda confessar sua fé no Pai, no Filho e no Espírito: "A fé de todos os cristãos consiste na Trindade". Os cristãos são baptizados "em nome" do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e não "nos nomes" destes três, pois só existe um Deus, o Pai Todo-Poderoso, seu Filho Único e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade.
O mistério da Santíssima Trindade é, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na "hierarquia das verdades de fé". "Toda a história da salvação não é senão a história da via e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e Único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e une a si os homens que se afastam do pecado"
A Trindade é um mistério de fé no sentido estrito, um do "mistérios escondidos em Deus que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto". Sem dúvida, Deus deixou vestígios de seu ser trinitário em sua obra de Criação e em sua Revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade de seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo.
(Catecismo da Igreja Católica §232-234, 237)

Agradecimento: António Mexia Alves

Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Bem-Aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionários da Caridade
No Greater Love (a partir da trad. Pas de plus grand amour, Lattès 1997, p. 22 rev.)

«As Minhas ovelhas escutam a Minha voz»

Terás dificuldade em rezar se não souberes como. Temos de nos ajudar a rezar: em primeiro lugar, recorrendo ao silêncio, porque não podemos pôr-nos na presença de Deus se não praticarmos o silêncio, tanto interior como exterior. Não é fácil fazer silêncio dentro de nós, mas é um esforço indispensável. Só no silêncio encontraremos novas forças e a verdadeira unidade. A força de Deus tornar-se-á a nossa, para realizarmos todas as coisas como devemos; o mesmo acontecerá com a unidade dos nossos pensamentos aos Seus pensamentos, a unidade das nossas orações às Suas orações, a unidade das nossas acções às Suas acções, da nossa vida à Sua vida. A unidade é o fruto da oração, da humildade, do amor.

É no silêncio do coração que Deus fala; se te colocares perante Deus em silêncio e em oração, Deus falar-te-á. Então saberás que não és nada. Só quando conheceres o teu nada, a tua vacuidade, é que Deus poderá preencher-te Consigo. As almas dos grandes orantes são almas de grande silêncio.

O silêncio faz-nos ver cada coisa de modo diferente. Necessitamos do silêncio para tocar as almas dos outros. O essencial não é o que dizemos, mas o que Deus diz - aquilo que nos diz, e o que diz através de nós. No silêncio, Ele ouvir-nos-á; no silêncio, falará à nossa alma, e ouviremos a Sua voz.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 27 de Abril de 2010

São João 10,22-30

22 Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação. Era Inverno. 23 Jesus andava a passear no templo, no pórtico de Salomão.24 Rodearam-n'O os judeus e disseram-Lhe: «Até quando nos manterás em suspenso? Se és o Messias, di-no-lo claramente». 25 Jesus respondeu-lhes: «Já vo-lo disse, e vós não Me credes. As obras que faço em nome de Meu Pai, essas dão testemunho de Mim;26 porém vós não credes, porque não sois das Minhas ovelhas.27 As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu conheço-as, e elas seguem-Me.28 Eu dou-lhes a vida eterna; elas jamais hão-de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha mão.29 Meu Pai, que Mas deu, é maior que todas as coisas; e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai.30 Eu e o Pai somos um».