Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 16 de maio de 2010

Transparência

Pedi-te há dias, Senhor, que me ajudasses a ser o Teu espelho, embora baço, onde os outros pudessem ver reflectido o Vosso reino.

Pensando bem, Senhor, não ouso pedir-vos tal coisa.

Ser espelho, embora baço, seria pretender ser Sudário ou véu da Verónica e quem sou eu para pretender comparar-me à santa mulher que te enxugou o Rosto?!

Eu, pobre trapo esfarrapado pelos meus pecados e as minhas contínuas faltas, que nem os remendos amorosamente feitos pela vossa Amabilíssima Misericórdia, conseguem disfarçar completamente.

Não, meu Senhor, não pretendo ser outra coisa que um pobre pedaço de tecido transparente que permita que através os outros Vos vejam a Vós e não a mim.
Não tenho categoria nenhuma para ser objecto mas tão só uma transparência inexistente que a Vossa luminosidade atravesse a bel-prazer, sempre que a Vossa amabilíssima Misericórdia assim desejar.

E então feliz serei, Senhor, se assim consentires. Eu, pobre António, transparência de Deus, Senhor Jesus Cristo!

Aos poucos sinto o Vosso Espírito sobre a minha cabeça que vergo submisso adorando-vos e dando-vos graças.

Que grande coisa me havia de acontecer a mim que nada fiz para o merecer, o Senhor salva-me, visita-me, permite-me que Lhe fale como se houvera intimidade entre mim e Ele!

Grande coisa só possível pela Vossa Misericórdia infinita e o Vosso Amor por todos os homens.
Sinto-me, assim, grande eu também, como o mundo que Vós criastes, como o mar e como o céu. Nada me parece pequeno, nada me parece sujo ou feio. Excepto a minha alma e o meu coração, cheio de zonas escuras e escaninhos cheios de pó destoam nas maravilhas que contemplo.

Sacudi Senhor, este pobre tapete onde têm sido espezinhados os Vossos Mandamentos e diz-me, Senhor, a que porta devo colocar-me para que os Vossos pés possam neles descansar um pouco, se me deres essa suprema honra.

Abate a minha soberba, Senhor, reduz-me a um metro e meio de altura e já será muito para o fraco homem que tenho sido, que sou.

Senhor, eu creio em Ti com todas as forças renovadas da minha alma.

Acreditas Tu em mim, Senhor, quando Te digo isto?

Tu que sabes tudo antes que eu o saiba, sabes se sou sincero e verdadeiro, honesto e correcto no que te afirmo?

(AMA, meditação. Diário, 1988)

Publicado no blogue recomendado NUNC COEPI AQUI

Angela GHEORGHIU - O mio babbino caro - G Schicchi - Puccini

Campanha da visita do Papa Bento XVI (excertos)

A visita do Papa a Portugal motivou uma forte campanha publicitária em Lisboa, com pendões, 200 "billboards" e 2000 "mupis" na capital e nos concelhos limítrofes que anuncia uma mudança na comunicação da Igreja em Portugal.

(…)

A única imagem do Papa na campanha mostra-o com um fundo de multidão, sorridente e com um gesto de saudação. A fotografia patenteia movimento. Ilustrando "Lisboa com o Papa", a imagem sugere assim o que se pretendeu para a visita: multidões e eventos movimentados e identificados com festa. Em resumo, os cartazes com a foto do Papa sugerem a dimensão festiva da visita.

(…)

A Igreja assume a religião como aquilo que eu penso que em boa medida é - comunicação - e comunica com as mesmas ferramentas, exactamente as mesmas do mundo contemporâneo em concorrência (acrescentando-lhe a dimensão transcendental). Consegue, alem disso, uma comunicação que é eficaz enquanto religião (é boa publicidade religiosa), o que constitui uma novidade importante na sua acção evangelizadora.

Em conjunto, estas duas dimensões da campanha - forma e conteúdo dos materiais publicitários e recurso à forma "comercialmente" "poluída" da comunicação do mundo contemporâneo, a publicidade - revelam uma mudança muito significativa da estratégia de acção da Igreja portuguesa: usar as "armas" da comunicação actuais para lutar, taco a taco, pela atenção e sedução dos receptores.

Eduardo Cintra Torres

(Fonte: ‘Jornal de Negócios’ online AQUI)

O Dia do Orgulho de se ser Católico - os italianos como os portugueses com Bento XVI

Filiação Divina

Teu filho, Senhor meu Deus!
Que admiração me causa esta realidade.
Que espanto me invade a ponto de só a minha Fé a manter viva em mim.
Sendo eu que sou = Nada!
Tendo eu o que tenho = Nada !
Sabendo eu o que sei = Nada !
Valendo eu o que valho = Nada!

Para que me queres Tu, Senhor?!
Que Te pode importar a minha pessoa?

Oh Senhor Deus, Rei dos Reis, Criador e Senhor de todas as coisas!
Como é grande o Teu Coração de Pai visto que nele caibo eu também.
Dou-vos graças meu Senhor e Meu Deus por tão grande favor e peço-te me ajudes a merecê-lo.


(AMA, meditação, Diário, 1990)

D. Manuel Clemente classifica a visita do Papa a Portugal como uma explosão de alegria para os fieis católicos

"O verdadeiro inimigo a combater é o pecado, o mal espiritual": Bento XVI, na Praça de S. Pedro. Evocada a "intensa peregrinação" a Portugal


Vídeos em espanhol

Uma multidão de mais de 100 mil católicos de toda a Itália se congregou neste domingo de manhã, na Praça de São Pedro, convocados pelas associações laicais católicas italianas numa “manifestação de fé e de solidariedade” ao Papa. Às 11 horas, teve lugar uma celebração da Palavra, em que se recordou uma ampla passagem da homilia do Santo Padre, há cinco anos, no início do ministério petrino, quando pediu a todos para rezarem por ele, “para que aprenda cada vez mais a amar o Senhor” e “a amar cada vez mais a Santa Igreja… cada um singularmente e todos conjuntamente”. Depois da oração mariana, manifestando a todos os presentes “o mais vivo reconhecimento”, afirmou o Papa:

“Caros amigos, vós mostrais hoje o grande afecto e a profunda proximidade da Igreja e do povo italiano ao Papa e aos vossos sacerdotes, que quotidianamente cuidam de vós, para que, no empenho de renovamento espiritual e moral possamos servir cada vez melhor a Igreja, o Povo de Deus e todos os que a nós se dirigem confiadamente”

“O verdadeiro inimigo a temer e a combater – recordou Bento XVI - é o pecado, o mal espiritual, que por vezes, infelizmente, contagia também os membros da Igreja”.

“Vivemos no mundo, mas não somos do mundo. Nós cristãos não devemos ter medo do mundo, embora devamos precaver-nos contra as suas seduções. Devemos pelo contrário temer o pecado e para tal mantermo-nos fortemente radicados em Deus, solidários no bem, no amor, no serviço”.

E é precisamente isto o que os ministros da Igreja, juntamente com os fiéis, têm feito e continuam a fazer. O Santo Padre concluiu pois esta saudação aos presentes que lhe manifestavam solidariedade encorajando todos a “prosseguir conjuntamente este caminho”. “Que as provações, que o Senhor permite, nos levem a uma maior radicalidade e coerência.

“É belo ver hoje esta multidão na Praça como foi emocionante para mim ver em Fátima a imensa multidão que, na escola de Maria, rezou pela conversão dos corações. Renovo hoje este apelo, confortado com a vossa presença, tão numerosa! Obrigado!”

Já anteriormente, na alocução inicial, que precedeu a recitação mariana, Bento XVI se referira à viagem a Portugal, agradecendo a protecção materna de Maria nessa “intensa peregrinação”:

“Agradeço à Virgem Maria, que nos dias passados tive ocasião de venerar no Santuário de Fátima, pela sua materna protecção durante a intensa peregrinação realizada a Portugal”.

Nesta alocução antes do canto do Regina Coeli, Bento XVI referiu a celebração, neste domingo, na Itália como noutros países, da Ascensão de Jesus.

“O Senhor atrai em direcção ao céu o olhar dos Apóstolos para lhes indicar como percorrer o caminho do bem durante a vida terrena. Contudo, Ele permanece na trama da história humana, está próximo de cada um de nós e guia o nosso caminho cristão:

é companheiro dos perseguidos por causa da fé, está no coração de todos os que são marginalizados, está presente naqueles a quem é negado o direito à vida. Podemos escutar, ver e tocar o Senhor Jesus na Igreja, especialmente mediante a palavra e os gestos sacramentais dos seus Pastores”.

Bento XVI encorajou os jovens e adolescentes que neste tempo pascal recebem o sacramento do Crisma a permanecerem fiéis à Palavra de Deus e à doutrina recebida… conscientes de terem sido escolhidos e constituídos para testemunharem a Verdade. Aos “irmãos no Sacerdócio”, o Papa deixou o convite a que “na sua vida e acção se distingam por um forte testemunho evangélico e saibam utilizar com sapiência também os meios de comunicação, para darem a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje e descobrirem o rosto de Cristo”.

(Fonte: site Radio Vaticana)

Resenha em vídeo da visita do Santo Padre, é sempre bom recordar o que nos encheu a alma e o coração (vídeos com locução em espanhol)

S. Josemaría nesta data em 1970



Inicia uma novena na Cidade de Guadalupe, no México, para pedir pela paz no mundo, pela Igreja e pelo Romano Pontífice: “Vim ver a Virgem de Guadalupe e de passagem ver-vos a vós. Não vos aborreceis por ser o segundo motivo?” Mais tarde acrescenta: “Não vim ensinar, mas aprender”.

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

Ascensão do Senhor

A solenidade da Ascensão de Jesus «ao céu» é uma ocasião para que esclareçamos de uma vez por todas as ideias sobre o que entendemos por «céu». Em quase todos os povos, o céu identifica-se com a morada da divindade. Também a Bíblia utiliza esta linguagem espacial. «Glória a Deus no alto do céu e paz na terra aos homens». Com a chegada da era científica, este significado religioso da palavra «céu» entrou em crise. Para o homem moderno, o céu é o espaço no qual se move nosso planeta e todo o sistema solar, e nada mais. Conhecemos a fala atribuída a um astronauta soviético, de volta de sua viagem pelos cosmos: «Percorri muito o espaço e não encontrei Deus por nenhuma parte!».

Deste modo, é importante esclarecer o que entendemos nós, os cristãos, quando dizemos «Pai-nosso que estás nos céus», ou quando dizemos de alguém que «foi para o céu». A Bíblia adapta-se, nestes casos, ao modo de falar popular; mas ela bem sabe e ensina que Deus «está no céu, na terra e em todo lugar», que é Ele quem «criou os céus», e se os criou não pode estar «fechado» neles. Que Deus esteja «nos céus» significa que «vive numa luz inacessível»; que dista de nós «quanto o céu eleva-se sobre a terra». Por outras palavras, que é infinitamente diferente de nós. O céu, em sentido religioso, é mais um estado que um lugar. Deus está fora do espaço e do tempo e assim é o seu paraíso.

À luz do que dissemos, o que significa proclamar que Jesus «subiu ao céu»? Encontramos a resposta no Credo: «Subiu ao céu e está sentado à direita do Pai». Que Cristo tenha subido ao céu significa que «está sentado à direita do Pai, isto é, que, também como homem, entrou no mundo de Deus; que foi constituído, como diz São Paulo na segunda leitura, Senhor e cabeça de todas as coisas. Jesus subiu ao céu, mas sem deixar a terra. Só saiu do nosso campo visual. Ele mesmo nos assegura: «Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo» (Mateus 28, 16-20. Ndt).

As palavras do anjo - «Galileus, o que fazeis olhando para o céu?» - contêm, portanto, uma advertência, se não uma velada rejeição: não devem ficar olhando para cima, para o céu, como para descobrir aonde vai estar Cristo, mas sim viver na espera de sua volta, prosseguir a sua missão, levar o seu Evangelho até aos confins da terra, melhorar a qualidade da vida na terra.
Quando se trata de nós, «ir ao céu» ou «ao paraíso» significa estar «com Cristo» (Flp 1, 23). «Vou preparar para vós um lugar... para que onde eu esteja, estejais também vós» (João 14, 2-3). O «céu», entendido como lugar de descanso, da recompensa eterna dos bons, forma-se no momento em que Cristo ressuscita e sobe ao céu. Nosso verdadeiro céu é Cristo ressuscitado, com quem iremos reunir-nos e formar «corpo» depois da nossa ressurreição, e de maneira provisória e imperfeita imediatamente após a morte. Portanto, Jesus não ascendeu a um céu já existente que o esperava, mas foi formar e inaugurar o céu para nós.

Há quem se pergunte: mas o que faremos «no céu» com Cristo toda a eternidade? Não nos aborreceremos? Respondo: aborrece talvez estar bem e com óptima saúde? Perguntai aos enamorados se se aborrecem de estar juntos. Quando acontece que se vive um momento de intensa e pura alegria, não nasce em nós o desejo de que dure para sempre, de que não acabe jamais? Aqui em baixo tais estados não duram para sempre, porque não existe objecto que possa satisfazer indefinidamente. Com Deus é diferente. A nossa mente encontrará nele a Verdade e a Beleza que nunca acabará de contemplar, e o nosso coração o Bem do qual jamais se cansará de desfrutar.

(P. Raniero CANTALAMESSA, ofmcap., pregador da Casa Pontifícia comentário ao Evangelho da Ascensão. Roma, 26.05.2006)
(citação AMA)

Agradecimento: António Mexia Alves

Mozart Piano Concerto 27, A. Madžar, piano

DECENÁRIO DO ESPÍRITO SANTO

4º Dia

Dons do Espírito Santo

Inteligência ou Entendimento


Mediante o dom de entendimento ou inteligência ao fiel cristão é-Lhe dado um conhecimento mais profundo dos mistérios revelados. O Espírito Santo ilumina a inteligência com uma luz poderosíssima e dá-Lhe a conhecer com uma clareza desconhecida até então o sentido profundo dos mistérios da fé.

(Francisco Fernández CARVAJAL, Falar com Deus, Tempo Comum, 6ª Sem., 6ª F.)
(citado e trad. por AMA)

Meditações de Maio por António Mexia Alves

16

SALVE RAINHA

VIDA, DOÇURA


Conduz-nos à verdadeira vida, que é a bem-aventurança sem fim, a doce visão de Deus.

(AMA, 4ª meditação sobre a Salve Rainha)

Tema para reflexão

TEMA: MÊS DE NOSSA SENHORA

Santo Rosário: Mistérios Gozosos
5º Mistério: O Menino Jesus perdido e achado no Templo

Porque Me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me nas coisas de Meu Pai?» (Lc 2, 59)
Esta é uma resposta misteriosa que já aponta para a Sua missão na terra e para o sentido da sua filiação divina. Jesus estava sempre nas coisas do Pai, tanto em Nazaré como em Jerusalém, em companhia dos seus pais ou sem eles. Aqui contrapõe o pai legal e visível, ao Pai natural e invisível. Todo o peso da resposta está aqui: Em que chama a Deus «Seu Pai». Não há nenhum outro personagem na Escritura que chame Pai a Deus desta maneira tão plena. Jesus possui também aos doze anos, não só uma consciência puramente messiânica, mas estritamente divina. Diante das Suas relações total¬mente singulares com Deus, «Seu Pai», parece que se eclipsa o sentimento filial humano. Esta resposta situa-se na mesma linha de afirmações posteriores que se encontram particularmente no evangelho de São João, onde chama a Deus «Seu Pai», com um sentido único e transcendente. A obediência e entrega ao Pai está a tal altura que diante dela deve ceder inclusive o próprio quarto mandamento o, que manda a submissão e obediência aos pais. São as primeiras palavras que conhecemos, e as únicas, de Jesus Menino.

(Francisco Fernandez CARVAJAL, Vida de Jesus, Ed. J.A. Marques, Braga, pgs 134-137)

DOUTRINA: A elevação sobrenatural e o pecado original

1. A elevação sobrenatural

Ao criar o homem, Deus constituiu-o num estado de santidade e de justiça, oferecendo-lhe a graça de uma autêntica participação na vida divina (cf. Catecismo, 374, 375). Assim interpretaram a Tradição e o Magistério ao longo dos séculos a descrição do Paraíso contida no Génesis. Este estado denomina-se teologicamente elevação sobrenatural, pois indica um dom gratuito, inalcançável somente com as forças naturais, não exigido, embora congruente, com a criação do homem à imagem e semelhança de Deus. Para a recta compreensão deste ponto há que ter em conta alguns aspectos:

A elevação sobrenatural 1 - a

Não convém separar a criação da elevação à ordem sobrenatural. A criação não é “neutra” a respeito da comunhão com Deus, mas está orientada para ela. A Igreja sempre ensinou que o fim do homem é sobrenatural (cf. DS 3005), pois fomos «eleitos em Cristo antes da criação do mundo para sermos santos» (Ef 1,4). Quer dizer, nunca existiu um estado de “natureza pura”, pois Deus desde o princípio oferece ao homem a Sua aliança de amor. (in News Letter, O.D., temas doutrinais)

Agradecimento: António Mexia Alves

Sem pai, não há família

Anatrela adverte que a desvalorização da função paterna tem consequências sobre a estruturação psíquica dos indivíduos e sobre a sociedade: debilitação da imagem masculina, transtornos da filiação, aumento das condutas aditivas, perda do sentido dos limites (toxicomanias, bulimia/anorexia, práticas sexuais reaccionais), dificuldades para se socializar, etc.

A sociedade actual valoriza muito a figura da mãe. É verdade que esta é uma fonte de segurança para a criança, mas a relação da mãe com o filho necessita de se completar com a função paterna. “O pai é o que diz que não (tanto ao filho como à mãe, o que permite justamente diferenciar os dois pais), o que introduz a negatividade e o que declara a proibição, quer dizer o limite do possível”.

A figura do pai é necessária para o desenvolvimento psicológico equilibrado dos filhos. O pai é o mediador entre a criança e a realidade; permite ao filho tomar iniciativas, “porque ele ocupa uma posição de terceiro, de companheiro da mãe, e não de mãe bis”. Graças à figura do pai, o bebé aprende a diferenciar-se da mãe e a adquirir autonomia psíquica. A criança descobre que ele não faz a lei, mas que existe uma lei fora dele.

Graças à relação com o pai, o menino e a menina adquirem também a sua identidade sexual. “A diferença de sexos encarnada pelo pai joga por outro lado um papel de revelação e de confirmação da identidade sexuada. Tanto a rapariga como o rapaz têm com efeito tendência, ao princípio, para se identificarem com o sexo da mãe, e do pai, o que vai permitir ao filho situar-se sexualmente”.

O pai excluído

Porque se impôs na nossa sociedade esta ideia da ausência do pai? Hoje divulga-se a figura do pai indigno ou incompetente, sustentada pela legislação e estereotipada por os meios de comunicação. “Assim, na maior parte dos guiões das séries televisivas, é apresentado como incapaz de se situar na relação educativa, de se ocupar de adolescentes, menos todavia de proclamar as exigências necessárias à vida em sociedade, inclusive de repreender quando é necessário”.

Muitas mulheres criticam os homens por não cumprirem com o papel de pai quando, mais ou menos conscientemente, elas procedem de modo a ocupar lugar que a eles corresponde. “A mãe afasta assim o pai, com o risco de o culpar num processo perverso que lhe permite confirmar o seu poder e o seu sentimento de omnipotência sobre os seus filhos, sobre o homem e sobre o pai”.

O que está sobretudo valorizado é a relação mãe/filho e o pai julga que tem que ser uma segunda mãe para se fazer aceitar. Alguns homens, condicionados por este conformismo, chegam a identificar-se com “o modelo de ‘papás galinhas’, quer dizer, não um pai, mas antes um irmão mais velho ou um tio”.

A ausência do pai explica-se também pela confusão entre procriação e maternidade. Para Anatrela, esta confusão “remete para o fantasma feminino da partenogéneses (quer dizer, da fecundação sem macho). A sociedade confirmou com demasiada facilidade este fantasma acreditando na ideia de que, ao não corresponder a procriação e a maternidade mais que à mulher, esta pode educar um filho sem pai”.

O desenvolvimento dos anticonceptivos e a banalização do aborto, contribuíram para sustentar esta ilusão de que a mulher domina sozinha a procriação. Daqui surgiu um slogan: “O meu corpo pertence-me”. Afirmar isto é subentender que “a procriação me pertence”, algo que é muito discutível. “Se a maternidade concerne à mulher, a procriação é partilhada pelo homem e pela mulher: não é só competência da mulher”.

Filhos objecto

Os países ocidentais contribuíram para reforçar esta concepção do pai excluído da procriação. Assim ocorre cada vez que se legisla pensando unicamente em “a mãe em solitário”. O exemplo que Anatrela descreve é o das leis francesas que, em caso de divórcio, fazem depender os direitos do pai das boas ou más relações que tenha com a mãe. O mesmo acontece com as decisões judiciais, ao confiar sistematicamente à mãe a custódia do filho.

O mais grave é que a exclusão do pai penaliza também a os filhos. Não se criou, ao privilegiar os direitos da mãe, uma dupla categoria de excluídos, por um lado os pais biológicos rejeitados, por outro, os filhos, propostos a um pai de substituição a seguir ao outro, ou inclusive confiados a terceiros especializados, ‘filhos-objecto’, ‘filhos-capricho’, ‘filhos-prótesis’, que se oferecem como salvadores?”

A ausência do pai tem efeitos muito negativos no desenvolvimento dos filhos. Segundo inquéritos citados por Anatrela, nos Estados Unidos uma criança tem seis vezes mais risco de crescer na pobreza e duas vezes mais de abandonar a escola se foi educado por uma mãe sozinha que se pertencer a uma família constituída por dois pais, capazes de lhe oferecer pontos de referência.

A última consequência da ausência do pai manifesta-se no aumento da violência. Ao não chegar a aceitar a realidade, por falta do sentido dos limites que o pai deveria inculcar, os filhos rebelam-se e os actos de violência multiplicam-se. Mas a agressividade também se volta contra si próprio e converte-se em auto-destruição.

Repensar a família

Como chegamos até aqui? Para Anatrela, o problema da ausência do pai está intimamente ligado a outro problema mais geral: o do desmembramento da família constituída por um pai e uma mãe com filhos. “A família rompe-se, com efeito, sobretudo sob a pressão da parelha actual na qual os indivíduos, enquanto tais, não procuram mais que o seu benefício através do outro. Rompe-se também porque, muito amiúde, omite o seu papel educativo”.

A crise da família manifesta-se na diminuição de casamentos e na expansão das uniões de facto, a baixa fecundidade, a multiplicação de divórcios. Mas tem uma causa mais profunda: o problema está nas representações sociais da família, na concepção que dela temos.

Para revalorizar a figura do pai, Anatrela propõe recuperar o sentido da família. Trata-se de redescobrir o que significa a experiência do parentesco e a diferença de gerações. Há-de afirmar-se que pai e mãe são necessários, que nenhum é mais que o outro, que nenhum deles é substituível o trocável por o outro.

(JUAN MESEGUER VELASCO, Aceprensa, 2008-06-27, cf. TONY ANATRELA, La diferencia prohibida. Sexualidad, educación y violência, Encuentro, Madrid, 2008)
(trad. revista por AMA)

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

Crónica do Vaticano

Riqueza e liberdade

«Não podemos permanecer ociosos desfrutando as nossas riquezas e liberdade se nalgum lugar o Lázaro do século XX está à nossa porta. À luz da parábola de Cristo, as riquezas e a liberdade criam responsabilidades especiais. As riquezas e a liberdade criam uma obrigação especial.»

(JOÃO PAULO II, Homília no Yankee Stadium, 02.10.1979, citação de AMA)