Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 10 de março de 2012

Silêncio, saibamos apreciá-lo e cultivá-lo - Pat Metheny - The Sound Of Silence!

Quando a Palavra fica sem palavras

À importância do silêncio na vida de Jesus e na relação do cristão com Deus, o Sumo Pontífice dedicou a catequese da audiência geral de quarta-feira 7 de Março, na praça de São Pedro.

Prezados irmãos e irmãs!

Numa série de catequeses precedentes falei sobre a oração de Jesus e não gostaria de concluir esta reflexão sem meditar brevemente acerca do tema do silêncio de Jesus, tão importante na relação com Deus.

Na Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini fiz referência ao papel que o silêncio adquire na vida de Jesus, sobretudo no Gólgota: "Aqui vemo-nos colocados diante da "Palavra da cruz" (cf. 1 Cor 1, 18). O Verbo emudece, torna-se silêncio de morte, porque se "disse" até calar, nada retendo do que nos devia comunicar" (n. 12). Diante deste silêncio da cruz, são Máximo, o Confessor, põe nos lábios da Mãe de Deus a seguinte expressão: "Fica sem palavras a Palavra do Pai, o qual fez todas as criaturas que falam; sem vida estão os olhos apagados daquele por cuja palavra e por cujo aceno se move tudo o que tem vida" (A vida de Maria, n. 89: Textos marianos do primeiro milénio, 2, Roma 1989, p. 253).

A cruz de Cristo não mostra somente o silêncio de Jesus como sua última palavra ao Pai, mas revela também que Deus fala por meio do silêncio: "O silêncio de Deus, a experiência da distância do Omnipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra encarnada. Suspenso no madeiro da cruz, o sofrimento que lhe causou tal silêncio fê-lo lamentar: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mc 15, 34; Mt 27, 46). Avançando na obediência até ao último suspiro de vida, na obscuridade da morte, Jesus invocou o Pai. A Ele entregou-se no momento da passagem, através da morte, para a vida eterna: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23, 46)" (Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini, 21). A experiência de Jesus na cruz é profundamente reveladora da situação do homem que reza e do ápice da oração: depois de ter ouvido e reconhecido a Palavra de Deus, devemos medir-nos também com o silêncio de Deus, expressão importante da própria Palavra divina.

A dinâmica de palavra e silêncio, que caracteriza a oração de Jesus em toda a sua existência terrena, sobretudo na cruz, diz respeito também à nossa vida de oração, em duas direcções.

A primeira é a que se refere ao acolhimento da Palavra de Deus. É necessário o silêncio interior e exterior, para que tal palavra possa ser ouvida. E este é um ponto particularmente difícil para nós, no nosso tempo. Com efeito, a nossa é uma época na qual não se favorece o recolhimento; aliás, às vezes a impressão é de que as pessoas têm medo de se separar, mesmo por um instante, do rio de palavras e de imagens que marcam e enchem os dias. Por isso, na já mencionada Exortação Verbum Domini recordei a necessidade de nos educarmos para o valor do silêncio: "Redescobrir a centralidade da Palavra de Deus na vida da Igreja significa também redescobrir o sentido do recolhimento e da tranquilidade interior. A grande tradição patrística ensina-nos que os mistérios de Cristo estão ligados ao silêncio e só nele é que a Palavra pode encontrar morada em nós, como aconteceu em Maria, mulher inseparável da Palavra e do silêncio" (n. 66). Este princípio - que sem silêncio não se sente, não se ouve, não se recebe uma palavra - é válido sobretudo para a oração pessoal, mas também para as nossas liturgias: para facilitar uma escuta autêntica, elas devem ser também ricas de momentos de silêncio e de acolhimento não verbal. É sempre válida a observação de santo Agostinho: Verbo crescente, verba deficiunt - "Quando o Verbo de Deus cresce, as palavras do homem faltam" (cf. Sermo 288, 5: PL 38, 1307; Sermo 120, 2: PL 38, 677). Os Evangelhos apresentam com frequência, sobretudo nas escolhas decisivas, Jesus que se retira totalmente sozinho num lugar afastado das multidões e dos próprios discípulos para rezar no silêncio e viver a sua relação filial com Deus. O silêncio é capaz de escavar um espaço interior no nosso íntimo, para ali fazer habitar Deus, para que a sua Palavra permaneça em nós, a fim de que o amor por Ele se arraigue na nossa mente e no nosso coração, e anime a nossa vida. Portanto, a primeira direcção: voltar a aprender o silêncio, a abertura à escuta, que nos abre ao próximo, à Palavra de Deus.

Porém, há uma segunda importante relação do silêncio com a oração. Com efeito, não há apenas o nosso silêncio para nos dispor à escuta da Palavra de Deus; muitas vezes, na nossa oração, encontramo-nos diante do silêncio de Deus, experimentamos quase um sentido de abandono, parece-nos que Deus não ouve e não responde. Mas este silêncio de Deus, como aconteceu também para Jesus, não marca a sua ausência. O cristão sabe bem que o Senhor está presente e escuta, mesmo na escuridão da dor, da rejeição e da solidão. Jesus garante aos discípulos e a cada um de nós que Deus conhece bem as nossas necessidades, em qualquer momento da nossa vida. Ele ensina aos discípulos: "Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais, antes que vós lho peçais" (Mt 6, 7-8): um coração atento, silencioso e aberto é mais importante que muitas palavras. Deus conhece-nos no íntimo, mais do que nós mesmos, e ama-nos: e saber isto deve ser suficiente. Na Bíblia, a experiência de Job é particularmente significativa a este propósito. Em pouco tempo, este homem perde tudo: familiares, bens, amigos e saúde; até parece que a atitude de Deus no que se lhe refere é a do abandono, do silêncio total. E no entanto Job, na sua relação com Deus, fala com Deus, clama a Deus; na sua oração, não obstante tudo, conserva intacta a sua fé e, no fim, descobre o valor da sua experiência e do silêncio de Deus. E assim no final, dirigindo-se ao Criador, pode concluir: "Eu tinha ouvido falar de ti, mas agora são os meus olhos que te vêem" (Jb 42, 5): todos nós conhecemos Deus quase só por ter ouvido falar dele, e quanto mais abertos permanecemos ao seu e ao nosso silêncio, tanto mais começamos a conhecê-lo realmente. Esta confiança extrema que se abre ao encontro profundo com Deus amadureceu no silêncio. São Francisco Xavier rezava, dizendo ao Senhor: eu amo-te, não porque podeis conceder-me o paraíso, ou condenar-me ao inferno, mas porque Vós sois o meu Deus. Amo-vos porque Vós sois Vós!

Aproximando-nos da conclusão das reflexões sobre a oração de Jesus, voltam à mente alguns ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica: "O drama da oração é-nos plenamente revelado no Verbo que se faz carne e habita entre nós. Procurar compreender a sua oração através do que as suas testemunhas nos dizem dela no Evangelho, é aproximar-nos do Santo Senhor Jesus como da sarça ardente: primeiro, contemplando-O a Ele próprio em oração; depois, escutando como Ele nos ensina a rezar para, finalmente, conhecermos como é que Ele atende a nossa oração" (n. 2.598). E como é que Jesus nos ensina a rezar? No Compêndio do Catecismo da Igreja Católica encontramos uma resposta clara: "Jesus ensina-nos a rezar, não só com a oração do Pai-Nosso" - certamente o acto central do ensinamento do modo como rezar - "mas também com a sua própria oração. Assim, para além do conteúdo, ensina-nos as disposições requeridas para uma verdadeira oração: a pureza do coração que procura o Reino e perdoa aos inimigos; a confiança audaz e filial que se estende para além do que sentimos e compreendemos; a vigilância que protege o discípulo da tentação" (n. 544).

Percorrendo os Evangelhos vimos como o Senhor é, para a nossa oração, interlocutor, amigo, testemunha e mestre. Em Jesus revela-se a novidade do nosso diálogo com Deus: a oração filial, que o Pai espera dos seus filhos. E de Jesus aprendemos como a oração constante nos ajuda a interpretar a nossa vida, a fazer as nossas escolhas, a reconhecer e a acolher a nossa vocação, a descobrir os talentos que Deus nos concedeu, a cumprir diariamente a sua vontade, único caminho para realizar a nossa existência.
Para nós, muitas vezes preocupados com a eficácia funcional e com os resultados concretos que alcançamos, a prece de Jesus indica que temos necessidade de parar, de viver momentos de intimidade com Deus, "desapegando-nos" da confusão de todos os dias, para ouvir, para ir à "raiz" que sustenta e alimenta a vida. Um dos momentos mais bonitos da oração de Jesus é precisamente quando Ele, para enfrentar doenças, dificuldades e limites dos seus interlocutores, se dirige ao seu Pai em oração e assim ensina a quantos estão ao seu redor onde é necessário procurar a fonte para ter esperança e salvação. Já recordei, como exemplo comovedor, a oração de Jesus no túmulo de Lázaro. O evangelista João narra: "Quando tiraram a pedra Jesus, erguendo os olhos para o céu, disse: "Pai, dou-te graças por me teres atendido. Eu já sabia que sempre me atendes, mas Eu disse isto por causa das pessoas que me rodeiam, para que venham a crer que Tu me enviaste". Dito isto, bradou em alta voz: "Lázaro, vem para fora!"" (Jo 11, 41-43). Mas o ponto mais alto de profundidade na oração ao Pai, Jesus alcança-o no momento da Paixão e Morte, quando pronuncia o extremo "sim" ao desígnio de Deus e mostra como a vontade humana encontra o seu cumprimento precisamente na adesão plena à vontade divina, e não na oposição. Na oração de Jesus, no seu brado na Cruz, confluem "todas as desolações da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todas as súplicas e intercessões da história da salvação... E eis que o Pai as acolhe e atende, para além de toda a esperança, ao ressuscitar o seu Filho. Assim se cumpre e se consuma o drama da oração na economia da criação e da salvação" (Catecismo da Igreja Católica, 2.606).

Caros irmãos e irmãs, peçamos com confiança ao Senhor para viver o caminho da nossa oração filial, aprendendo quotidianamente do Filho Unigénito que se fez homem por nós como deve ser o modo de nos dirigirmos a Deus. As palavras de são Paulo, sobre a vida cristã em geral, são válidas também para a nossa oração: "Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades nem a altura, nem o abismo nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 8, 38-39).

No final da audiência, o Santo Padre dirigiu-se aos fiéis presentes, pronunciando em português estas palavras.

Queridos peregrinos vindos do Brasil e de outros países de língua portuguesa: sede bem-vindos! Pedi sempre confiadamente ao Senhor de poder viver o caminho da vossa oração filial, aprendendo diariamente de Jesus como deveis dirigir-vos a Deus. E que as Suas bênçãos desçam sobre vós e vossas famílias! 

Amar a Cristo...

Querido Jesus, quantas vezes ao longo das nossas vidas Te renegamos como Pedro e Te abandonamos como o filho pródigo, faz-nos chorar como Pedro e voltar com humildade para os Teus ternos braços como aqueles do Pai que acolheu de volta o filho arrependido.

Concede-nos a fortaleza, Te rogamos, de estar sempre firmes ao Teu lado no exemplo e na divulgação dos Teus ensinamentos. Ajuda-nos a deixar-Te reinar dentro de nós!

JPR

Imitação de Cristo, 1, 14, 1

Relanceia sobre ti o olhar e guarda-te de julgar as ações alheias. Quem julga os demais perde o trabalho, quase sempre se engana e facilmente peca; mas, examinando-se e julgando-se a si mesmo, trabalha sempre com proveito. De ordinário, julgamos as coisas segundo a inclinação do nosso coração, pois o amor-próprio facilmente nos altera a retidão do juízo. Se Deus fora sempre o único objetivo dos nossos desejos, não nos perturbaria tão facilmente qualquer oposição ao nosso parecer.

Encherás o mundo de caridade

Não podes destruir, com a tua negligência ou com o teu mau exemplo, as almas dos teus irmãos os homens. – Tens – apesar das tuas paixões! – a responsabilidade da vida cristã dos que te são próximos, da eficácia espiritual de todos, da sua santidade! (São Josemaría Escrivá - Forja, 955) 

Longe fisicamente e, contudo, muito perto de todos: muito perto de todos!... – repetias feliz.

Estavas contente, graças a essa comunhão de caridade, de que te falei, que tens de avivar sem cansaço. (São Josemaría Escrivá - Forja, 956)

Perguntas-me o que é que poderias fazer por aquele teu amigo, para que não se encontre sozinho.

Dir-te-ei o que sempre digo, porque temos à nossa disposição uma arma maravilhosa, que resolve tudo: rezar. Primeiro, rezar. E, depois, fazer por ele o que gostarias que fizessem por ti, em circunstâncias semelhantes.

Sem o humilhar, é preciso ajudá-lo de tal maneira que se lhe torne fácil o que lhe é difícil.  (São Josemaría Escrivá - Forja, 957)

Põe-te sempre nas circunstâncias do próximo: assim verás os problemas ou as questões serenamente, não terás desgostos, compreenderás, desculparás, corrigirás quando e como for necessário, e encherás o mundo de caridade. (São Josemaría Escrivá - Forja, 958)

Dominus Exsultemus

«E em três dias o levantarei»

Orígenes (c.185-253), presbítero e teólogo 
Comentário ao Evangelho de São João, 10

Como é grande e difícil de entender o mistério da nossa própria ressurreição! Anunciado por muitos textos da Sagrada Escritura, aparece sobretudo em Ezequiel, [...] que diz: «A mão do Senhor desceu sobre mim; então, conduziu-me em espírito e colocou-me no meio de um vale que estava cheio de ossos [...] completamente ressequidos. O Senhor disse-me: «Filho de homem, estes ossos poderão voltar à vida?» Eu respondi: «Senhor Deus, só Tu o sabes.» Ele disse-me: «Profetiza sobre estes ossos e diz-lhes: Ossos ressequidos, ouvi a palavra do Senhor»» (Ez 37, 1-4). [...]

Que ossos serão esses, aos quais se diz «ouvi a palavra do Senhor» [...] senão o Corpo de Cristo, que o próprio Senhor refere, dizendo: «todos os Meus ossos se desconjuntaram» (Sl 22/21, 15)? [...] Tal como teve lugar a Ressurreição do corpo perfeito e verdadeiro de Cristo, assim nós, os Seus membros [...], seremos um dia reunidos osso a osso, articulação a articulação. Ninguém, privado desta junção, poderá chegar ao estado de «homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo» (Ef 4, 13). Assim, «todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo» (1Cor 12, 12).

Vem tudo isto a propósito do Templo, do qual o Senhor disse: «O zelo da Tua casa me devora» (Sl 69/68, 10); dos judeus que Lhe pediam um sinal; por último, da Sua própria resposta [...]: «Destruí este Templo, e em três dias o levantarei». É necessário banir deste templo, que é o Corpo de Cristo, tudo aquilo que a razão recusa e é ocasião de negócio, para que, no futuro, ele não venha a tornar-se morada de mercadores. É necessário igualmente [...] que, depois da sua destruição por aqueles que recusarem a Palavra de Deus, seja levantado ao terceiro dia [...]. Assim, graças à purificação levada a cabo por Jesus, tendo abandonado tudo o que era contrário à razão e todo o tipo de comércio por causa do zelo do Verbo, Palavra de Deus, presente neles, os Seus discípulos são destruídos para serem levantados por Jesus em três dias [...], uma vez que são precisos três dias inteiros para levar a cabo essa reconstrução. Por isso podemos afirmar, por um lado, que a Ressurreição teve lugar mas, por outro, que ainda está para vir. Em verdade, «se estamos integrados n'Ele por uma morte idêntica à Sua, também o estaremos pela Sua Ressurreição» (Rm 6, 5) [...] e «assim, em Cristo, todos voltarão a receber a vida. Mas cada um na sua própria ordem: primeiro, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da Sua vinda» (1Cor 15, 22-23).

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho de Domingo dia 11 de Março de 2012

Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados às suas mesas. Tendo feito um chicote de cordas, expulsou-os a todos do templo, e com eles as ovelhas e os bois, deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou as suas mesas. Aos que vendiam pombas disse: «Tirai isto daqui, não façais da casa de Meu Pai casa de comércio». Então lembraram-se os Seus discípulos do que está escrito: “O zelo da Tua casa Me consome”. Tomaram então a palavra os judeus e disseram-Lhe: Que sinal nos mostras para assim procederes?». Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e o reedificarei em três dias». Replicaram os judeus: «Este templo foi edificado em quarenta e seis anos, e Tu o reedificarás em três dias?». Ora Ele falava do templo do Seu corpo. Quando, pois, ressuscitou dos mortos os Seus discípulos lembraram-se do que Ele dissera e acreditaram na Escritura e nas palavras que Jesus tinha dito. Estando em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos acreditaram no Seu nome vendo os milagres que fazia. Mas Jesus não Se fiava neles, porque os conhecia a todos, e não necessitava de que Lhe dessem testemunho de homem algum, pois sabia por i mesmo o que há em cada homem.


Jo 2, 13-25

«… banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo» (Tt 3, 5)

«O Baptismo é o mais belo e magnífico dos dons de Deus [...] Chamamos-lhe dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que há de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que não trazem nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: baptismo, porque o pecado é sepultado nas águas; unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que são ungidos); iluminação, porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus»

(Oratio 40, 3-4 - São Gregório Nazianzo)

A prevalência da unicidade da Igreja

Uma espécie de utopismo anárquico, como aquele inspirado na Idade Média por Joaquim da Fiore, insinuou-se no Concilio Vaticano II, mas graças a Deus os timoneiros sábios do barco de Pedro souberam defender, com as novidades do concilio, também a unicidade da Igreja.

Todas as vezes que na Igreja se enfrenta um período de declínio apresenta-se também um utopismo espiritualista que leva alguns a sonhar o nascimento de uma outra Igreja.

(Bento XVI – Audiência geral de 10.03.2010)

Bento XVI e as mulheres

Desde o início do seu pontificado, Bento XVI proferiu diversas intervenções dedicadas às mulheres, destacando a importância da dimensão feminina na Igreja e na sociedade.


A 9 de Fevereiro de 2008, assinalando o 20.º aniversário da publicação da carta apostólica “Mulieris Dignitatem”, de João Paulo II, o actual Papa condenava “uma mentalidade machista que ignora a novidade do cristianismo, o qual reconhece e proclama a igual dignidade e responsabilidade da mulher em relação ao homem”.


“Existem lugares e culturas em que a mulher é discriminada ou subestimada unicamente pelo facto de ser mulher, onde se faz recurso até a argumentos religiosos e a pressões familiares, sociais e culturais para sustentar a desigualdade dos sexos, onde se perpetram actos de violência contra a mulher, tornando-a objecto de atrocidades e de exploração na publicidade e na indústria do consumo e da diversão”, alertou.


Neste contexto, o Papa considerou urgente que os cristãos promovam uma cultura que reconheça à mulher, “no direito e na realidade dos factos, a dignidade que lhe compete”.


Em Angola, a 22 de Março de 2009, o Papa falou aos movimentos católicos para a promoção da mulher, alertando para “as condições desfavoráveis a que estiveram – e continuam a estar – sujeitas muitas mulheres, examinando em que medida a conduta e as atitudes dos homens, às vezes sem sensibilidade ou responsabilidade, possam ser a causa daquelas”.


Bento XVI lembrava que “a história regista quase exclusivamente as conquistas dos homens, quando, na realidade, uma parte importantíssima da mesma se fica a dever a acções determinantes, perseverantes e benéficas realizadas por mulheres”.


Em Janeiro deste ano, Bento XVI como subsecretária do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP) Flaminia Giovanelli, que integra a equipa deste Conselho há mais de 35 anos. Os responsáveis do CPJP destacam que “a nomeação de Giovanelli confirma a grande confiança que a Igreja e o Papa Bento XVI depositam nas mulheres”.


Antes dela, a leiga Rosemary Goldie desempenhou um cargo semelhante no Conselho Pontifício para os Leigos e a Ir. Enriaa Rosanna é a actual subsecretária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.


Feminismo(s)
Em Agosto de 2004, ainda Cardeal, Joseph Ratzinger assinava uma “Carta aos Bispos da Igreja Católica, sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo” (AQUI), na qual se critica o feminismo radical e se lembra a importância das mulheres na vida da Igreja.


O documento aborda a antropologia cristã que propõe a igualdade de dignidade pessoal entre o homem e a mulher, no respeito de sua diversidade, e a necessidade de superar e eliminar qualquer discriminação.


Enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o actual Papa lembrava a oposição da Igreja à “ideologia de género”, cujo objectivo é superar um suposto determinismo biológico.


Nesse sentido, foi dada uma atenção particular à tendência do feminismo radical, nos EUA, cuja porta-voz é Judith Butler. “A mulher, para ser ela própria, porta-se como rival do homem. Aos abusos do poder, responde com uma estratégia de busca do poder e esse processo conduz a uma rivalidade entre os sexos", pode ler-se.


No documento é criticada "a tendência para sublinhar fortemente a condição de subordinação da mulher, com vista a suscitar uma atitude de contestação". "A ocultação da diferença ou da dualidade de sexos tem consequências enormes a diversos níveis", afirma-se nesta carta aos bispos.


A missiva relembra que a ordenação sacerdotal é exclusivamente reservada aos homens, mas assegura que isso "não impede às mulheres de terem acesso ao coração da vida cristã".


Entre as recomendações do documento da Congregação para a Doutrina da Fé está uma promoção das mulheres na vida pública e social, o reconhecimento social e económico do papel de mãe e o reconhecimento da mulher dentro da Igreja.


"As mulheres desempenham um papel de máxima importância na vida eclesial, lembrando essas disposições a todos os baptizados e contribuindo de maneira ímpar para manifestar o verdadeiro rosto da Igreja, esposa de Cristo e mãe dos crentes", pode ler-se.


O tema foi retomado numa audiência geral de Bento XVI, a 14 de Fevereiro de 2007, dedicada às mulheres e à sua responsabilidade eclesial desde as primeiras comunidades cristãs até hoje.


“Além dos Doze, colunas da Igreja, pais do novo Povo de Deus, são escolhidas no número dos discípulos também muitas mulheres. Apenas brevemente posso mencionar aquelas que se encontram no caminho do próprio Jesus, a começar pela profetisa Ana (cf. Lc 2, 36-38), até à Samaritana (cf. Jo 4, 1-39), à mulher sírio-fenícia (cf. Mc 7, 24-30), à hemorroíssa (cf. Mt 9, 20-22) e à pecadora perdoada (cf. Lc 7, 36-50). Não me refiro sequer às protagonistas de algumas parábolas eficazes, por exemplo a uma dona de casa que amassa o pão (cf. Mt 13, 33), à mulher que perde a dracma (cf. Lc 15, 8-10), à viúva que importuna o juiz (cf. Lc 18, 1-8)”, afirmou.


“Mais significativas para o nosso assunto são aquelas mulheres que desenvolveram um papel activo no contexto da missão de Jesus. Em primeiro lugar, o pensamento dirige-se naturalmente à Virgem Maria que, com a sua fé e a sua obra materna, colaborou de modo único para a nossa Redenção, tanto que Isabel pôde proclamá-la "bendita és tu entre as mulheres" (Lc 1, 42), acrescentando: "Feliz de ti que acreditaste" (Lc 1, 45).


Para Bento XVI, é claro que “a história do cristianismo teria tido um desenvolvimento muito diferente, se não houvesse a generosa contribuição de muitas mulheres”.


(Fonte: site Agência Ecclesia)

S. Josemaría Escrivá - Aconteceu nesta data em 1996

João Paulo II dedica a igreja de São Josemaría em Roma. Depois da cerimónia, reza durante uns minutos na capela do Santíssimo Sacramento. Depois, assina a acta de dedicação da igreja em que diz, entre outras coisas: “É para mim motivo de grande alegria e gratidão à Trindade Santa, que na minha Diocese de Roma surja uma nova ‘Casa de Deus’, para a celebração dos santos mistérios e a edificação do povo cristão na fé e no amor. Ao dedicar esta igreja, agradeci também ao Senhor que, no dia 2 de Outubro de 1928, tivesse feito ver o Opus Dei ao Beato Josemaría, para recordar a todos os homens a universalidade do chamamento à plenitude da união com Cristo”.

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

A alegria

«Esta é a diferença entre nós e os que não conhecem a Deus: eles na adversidade queixam-se e murmuram; a nós as coisas adversas não nos afastam da virtude nem da verdadeira fé. Pelo contrário, estas apoiam-se na dor»

(De mortalitate, 12 – São Cipriano)

«Quando a alegria de um coração cristão se derrama nos outros homens, ali gera esperança, optimismo, impulsos de generosidade na fadiga quotidiana, contagiando toda a sociedade».

(Discurso, 10/IV/1979 – João Paulo II) 

«Quando eu estiver todo em Ti, não mais haverá tristeza nem angústia; inteiramente repleta de Ti, a minha vida será vida plena»

(Confissões X, 28, 39: CCL 27, 175 [PL 32. 795] – Santo Agostinho)

Converter-se e regressar

São Tiago de Sarug (c. de 449-521), monge e bispo sírio
Poema 

Regressarei à casa de meu Pai, como o Filho Pródigo (Lc 15,18), e serei acolhido. Tal qual ele fez, assim farei eu: corresponderá o Pai aos meus desejos? [...] Pois estou como morto pelo pecado, como de uma doença. Resgata-me desta ruína, e possa eu louvar o Teu nome! Senhor da terra e do céu, peço-Te: ajuda-me e mostra-me o caminho para chegar a Ti! Leva-me à Tua presença, Filho do Magnânimo, e atinge assim o cume da Tua misericórdia! Irei a Ti e saciar-me-ei com a Tua alegria. Nesta hora de profundo cansaço mói para mim o fermento da vida!

Parti à Tua procura e o Maligno estava à espreita, como salteador (Lc 10,30). Atou-me e atolou-me nos prazeres deste mundo perdido; encarcerou-me nos seus deleites e depois deu-me com a porta na cara. Não há ninguém que me liberte para que eu parta de novo à Tua procura, ó meu Senhor! [...] Só quero ser Teu, Senhor, e caminhar conTigo! Medito nos Teus mandamentos dia e noite (Sl 1,2). Sê-me propício e acolhe o meu lamento, ó Misericordioso! Não me cortes a esperança, Senhor, porque sou Teu servo e espero em Ti!

«E caindo em si, disse, [...]: e eu aqui a morrer de fome! Levantar-me-ei e irei ter com meu pai»

Isaac de l'Étoile (?-c. 1171), monge cistercense 
2º Sermão para o dia de Todos os Santos §§ 13-20 (a partir da trad. Brésard, 2000 ans A, p. 84)

«Felizes os que choram, porque serão consolados» (Mt 5, 4). Com estas palavras, o Senhor quer fazer-nos compreender que o caminho da alegria são as lágrimas. Pela desolação chega-se à consolação; é perdendo a vida que a encontramos, rejeitando-a que a possuímos, odiando-a que a amamos, desprezando-a que a salvamos (cf Lc 9, 23ss.). Se queres conhecer-te a ti mesmo e superar-te, entra dentro de ti e não te procures fora de ti. [...] Por conseguinte, cai em ti, pecador, cai onde existes verdadeiramente: no teu coração. Exteriormente, és um animal à imagem do mundo [...]; interiormente, és um homem, à imagem de Deus (Gn 1, 26), e por isso capaz de ser deificado.

Será por isso, irmãos, que o homem que cai em si se sente distante, como o filho pródigo, numa região diferente, numa terra estrangeira, onde é maltratado, e chora ao lembrar-se de seu pai e da sua pátria? [...] «Adão, onde estás?» (Gn 3, 9) Talvez ainda na sombra para não te veres a ti mesmo: cosendo as folhas da vaidade umas às outras para cobrires a tua vergonha (Gn 3, 7), olhando o que está em teu redor e o que é teu, porque os teus olhos são grandes aberturas para tais coisas. Mas olha para dentro de ti, olha para ti: é aí que se encontra o teu maior motivo de vergonha. [...]

É evidente, irmãos: em parte vivemos exteriormente a nós. [...] É por isso que a Sabedoria tem sempre no coração o convite para a casa do luto antes de o fazer para a casa do banquete (Eccl 7, 3), ou seja, chama para dentro de si mesmo o homem que estava fora de si próprio, dizendo: «Felizes os que choram» e noutra passagem: «Ai de vós, os que agora rides» (Lc 6, 25). [...] Meus irmãos, choremos na presença do Senhor: que a Sua bondade O leve a perdoar-nos. [...] Felizes os que choram, não porque choram, mas porque serão consolados. As lágrimas são o caminho; a consolação é a bem-aventurança.

Kyrie Christe Eleison - Canto Gregoriano

«Um homem tinha dois filhos»

Bem-aventurado João Paulo II 
Exortação apostólica «Reconciliação e penitência», §§ 5-6 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)


O homem — cada um dos homens — é este filho pródigo: fascinado pela tentação de se separar do Pai para viver de modo independente a própria existência; caído na tentação; desiludido do nada que, como miragem, o tinha deslumbrado; sozinho, desonrado e explorado no momento em que tenta construir um mundo só para si; atormentado, mesmo no mais profundo da própria miséria, pelo desejo de voltar à comunhão com o Pai. Como o pai da parábola, Deus fica à espreita do regresso do filho, abraça-o à sua chegada e põe a mesa para o banquete do novo encontro, com que se festeja a reconciliação.


Mas a parábola faz entrar em cena também o irmão mais velho, que se recusa a ocupar o seu lugar no banquete. Reprova ao irmão mais novo os seus extravios e ao pai o acolhimento que lhe dispensou, enquanto a ele, morigerado e trabalhador, fiel ao pai e à casa, nunca foi permitido — diz ele — fazer uma festa com os amigos. Sinal de que não compreende a bondade do pai. Enquanto este irmão, demasiado seguro de si mesmo e dos próprios méritos, ciumento e desdenhoso, cheio de azedume e de raiva, não se converteu e se reconciliou com o pai e com o irmão, o banquete ainda não era, no sentido pleno, a festa do encontro e do convívio recuperado. 


O homem — cada um dos homens — é também este irmão mais velho. O egoísmo torna-o ciumento, endurece-lhe o coração, cega-o e leva-o a fechar-se aos outros e a Deus. [...]


A parábola do filho pródigo é, antes de mais, a história inefável do grande amor de um Pai. [...] E ao evocar, na figura do irmão mais velho, o egoísmo que divide os irmãos entre si, ela torna-se também a história da família humana. [...] Ela retrata a situação da família humana dividida pelos egoísmos, põe em evidência a dificuldade em secundar o desejo e a nostalgia de uma só família reconciliada e unida; apela para a necessidade de uma profunda transformação dos corações, pela redescoberta da misericórdia do Pai e pela vitória sobre a incompreensão e a hostilidade entre irmãos.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 10 de Março de 2012

Aproximavam-se d'Ele os publicanos e os pecadores para O ouvir. Os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: «Este recebe os pecadores e come com eles». Então propôs-lhes esta parábola: Disse mais: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. O pai repartiu entre eles os bens. Passados poucos dias, juntando tudo o que era seu, o filho mais novo partiu para uma terra distante e lá dissipou os seus bens vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, houve naquele país uma grande fome e ele começou a passar necessidade. Foi pôr-se ao serviço de um habitante daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. «Desejava encher o seu ventre das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Tendo entrado em si, disse: Quantos jornaleiros há em casa de meu pai que têm pão em abundância e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos teus jornaleiros. «Levantou-se e foi ter com o pai. Quando ele estava ainda longe, o pai viu-o, ficou movido de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e beijou-o. O filho disse-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.22 Porém, o pai disse aos servos: Trazei depressa o vestido mais precioso, vesti-lho, metei-lhe um anel no dedo e os sapatos nos pés. Trazei também um vitelo gordo e matai-o. Comamos e façamos festa, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi encontrado. E começaram a festa. «Ora o filho mais velho estava no campo. Quando voltou, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e os coros. Chamou um dos servos, e perguntou-lhe que era aquilo. Este disse-lhe: Teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque o recuperou com saúde. Ele indignou-se, e não queria entrar. Mas o pai, saindo, começou a pedir-lhe. Ele, porém, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, nunca transgredi nenhuma ordem tua e nunca me deste um cabrito para eu me banquetear com os meus amigos, mas logo que veio esse teu filho, que devorou os seus bens com meretrizes, mandaste-lhe matar o vitelo gordo. Seu pai disse-lhe: Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Era, porém, justo que houvesse banquete e festa, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi encontrado».

 Lc 15,1-3.11-32