Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Amar a Cristo...

Querido Jesus nascestes numa manjedoura, portanto pobre aos olhos dos homens, entraste em Jerusalém montado num jumentinho, portanto pobre aos olhos dos homens, mas frequentemente nos esquecemos da Tua verdadeira riqueza, que é seres Deus humanizado para nos redimir e salvar.

Que importa se era uma manjedoura ou um berço de ouro, um jumentinho ou um cavalo puro sangue, eras Tu, o Rei do Universo, e isso basta-nos e faz-nos amar-Te ainda mais.

JPR

J.S. Bach - Christmas Oratorio BWV 248

'Urbi et Orbi' de hoje dia 25 de dezembro de 2012

NATAL

Vigilante,
acordas-me,
e não me deixas dormir,
pões palavras no meu coração,
e exaltas o meu sentir.

Um pacifico frenesim,
toma conta de mim,
e eu tenho que dar à folha em branco
as palavras,
que ao coração me vêm.

Repousa agora a terra,
calmamente,

pois no seu seio,
já nasceu a Semente,

que há-de morrer,
para dar fruto,
todo o fruto
que a terra possa conter.

Por um momento,
os homens aproximam-se...
dos homens,
num abraço de fraternidade,
e até parece que a terra
ficou prenhe de felicidade.

Naquele Menino,
parece que a paz é duradoura,
nascido simples,
humilde,
na frágil humanidade,
deitado na manjedoura,
para os homens de boa vontade.

Já nasceu a Semente,
que a terra há-de ver morrer,
toda envolta na dor,
em que se há-de entregar,
no mais profundo
e puro amor,
para depois ressuscitar,
para nunca mais morrer.

É nessa Ressurreição,
nessa Morte
e na Paixão,
que se entende este nascer,

na paz e no amor,
deste Menino adorado,

que é Deus Nosso Senhor.


Marinha Grande, 25 de Dezembro de 2012
04.50 da madrugada do Dia de Natal.


Joaquim Mexia Alves AQUI

Imitação de Cristo, 3, 40, 4 - Que o homem por si mesmo nada tem de bom e de nada se pode gloriar

Glória verdadeira, porém, e alegria santa é gloriar-se cada um em vós e não em si, deleitar-se em vosso nome e não na sua própria virtude, não achar deleite em criatura alguma, senão por amor de vós. Seja louvado o vosso nome e não o meu; sejam glorificadas vossas obras e não as minhas; exaltado seja o vosso santo nome, e a mim nada se atribua dos louvores humanos. Vós sois minha glória e a alegria do meu coração. Em vós me gloriarei e exaltarei todo dia, mas, quanto à minha pessoa, de nada me ufano, a não ser das minhas fraquezas (2Cor 12,5).

Ele já nasceu

Natal. Cantam: "venite, venite...". – Vamos, que Ele já nasceu. E, depois de contemplar como Maria e José cuidam do Menino, atrevo-me a sugerir-te: – Olha-o de novo, olha-o sem descanso. (Forja, 549)

Foi promulgado um édito de César Augusto, que manda recensear toda a gente. Para isso, cada qual tem de ir à terra dos seus antepassados. – Como José é da casa e da família de David, vai com a Virgem Maria, de Nazaré até à cidade chamada Belém, na Judeia (Lc II, 1–5).

E, em Belém, nasce o nosso Deus: Jesus Cristo! Não há lugar na pousada: num estábulo. – E Sua Mãe envolve-O em paninhos e reclina-O no presépio (Lc 11, 7) . Frio. – Pobreza. – Sou um escravozito de José. – Que bom é José! Trata-me como um pai a seu filho. – Até me perdoa, se estreito o Menino entre os meus braços e fico, horas e horas, a dizer-Lhe coisas doces e ardentes!...

E beijo-O – beija-O tu – e embalo-O e canto para Ele e chamo-Lhe Rei, Amor, meu Deus, meu Único, meu Tudo!... Que lindo é o Menino... e que curta a dezena! (Santo Rosário, 3º mistério Gozoso)

São Josemaría Escrivá

Se se apaga a luz de Deus, apaga-se a dignidade divina do homem

Ontem à noite, na “Missa do galo”, Bento XVI recordou as populações que “vivem e sofrem” em Belém, na Cisjordânia, terra natal de Jesus, e as de todo o Médio Oriente, pedindo a paz na região e diálogo entre os fiéis das várias religiões. “Rezemos para que lá haja paz. Rezemos para que israelitas e palestinos possam conduzir a sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para que lá se consolide a paz… Que cristãos e muçulmanos construam conjuntamente os seus países na paz de Deus”.

Na missa da noite de Natal, na basílica de São Pedro, Bento XVI pediu ainda que os cristãos possam “conservar a sua casa” nos países onde teve origem a sua fé e que “cristãos e muçulmanos construam, juntos, os seus países na paz de Deus”. O Papa evocou uma passagem do profeta Isaías para desejar que “em vez dos armamentos para a guerra, surjam ajudas para os doentes”. “Iluminai [Senhor] quantos julgam dever praticar violência em vosso nome, para que aprendam a compreender o absurdo da violência e a reconhecer o vosso verdadeiro rosto. Ajudai a tornarmo-nos homens ‘do vosso agrado’: homens segundo a vossa imagem e, por conseguinte, homens de paz”.

Numa reflexão sobre o fanatismo religioso e a violência, o Papa frisou que ao longo da história da humanidade “não houve apenas casos de mau uso da religião, mas, da fé no Deus que Se fez homem, nunca cessou de brotar forças de reconciliação e magnanimidade. Bento XVI recordou mesmo os “tipos de violência arrogante” que decorreram da negação de Deus, “com o homem a desprezar e a esmagar o homem”, em “toda a sua crueldade”, no século passado. “Onde não se dá glória a Deus, onde Ele é esquecido ou até mesmo negado, também não há paz. Hoje, porém, há correntes generalizadas de pensamento que afirmam o contrário: as religiões, mormente o monoteísmo, seriam a causa da violência e das guerras no mundo”.

Para estas correntes, frisou o Papa, “seria preciso libertar a humanidade das religiões, para se criar então a paz. O monoteísmo, a fé no único Deus, seria prepotência, causa de intolerância, porque pretenderia, fundamentado na sua própria natureza, impor-se a todos com a pretensão da verdade única”. Bento XVI condenou as “deturpações do sagrado”, reconhecendo como “incontestável algum mau uso da religião na história”. “É verdade que o monoteísmo serviu de pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode adoecer e chegar a contrapor-se à sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve ele mesmo deitar mão à causa de Deus, fazendo assim de Deus uma sua propriedade privada”. Contudo – precisou o Papa, “não é verdade que o ‘não’ a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, apaga-se também a dignidade divina do homem”.

Vídeo em italiano


Eis o texto integral da homilia do Papa, na missa da noite de Natal:

Bom Natal do Senhor Jesus!

Hoje, Natal do Senhor Jesus, e sempre, tenhamos uma atitude idêntica à de João Baptista como nos narra o Evangelho desta extraordinária data (Jo 1, 1-18) e reconheçamos de coração humilde e apaixonado a grandeza do Messias que Deus nos enviou para recebermos todas as graças.
Louvado sejais Senhor Jesus Cristo nossa Luz e nossa Verdade! 

J.S.Bach: Motet "Jesu, meine Freude" BWV 227

São Josemaría e o Natal

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1969

Solenidade do Natal do Senhor. Mostram-lhe uma imagem do Menino Jesus de barro policromado. Depois de o tomar nas mãos, levanta-o ao ar, beija-o, acaricia-o, enquanto diz: “Meu lindo! Que bonito! Meu tesouro! Meu Menino…! Com este fico eu”. A fotografia mostra esse momento.


(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

Natal

«Hoje a Virgem dá à luz o Eternoe a terra oferece uma gruta ao Inacessível.
Cantam-n'O os anjos e os pastores,e com a estrela os magos põem-se a caminho, porque Tu nasceste para nós,pequeno Infante. Deus eterno!»

(Kontakion, 10, In diem Nativitatis Christi – São Romano o Melódio)

«Oh admirável permuta! O Criador do género humano, tomando corpo e alma, dignou-Se nascer duma Virgem; e, feito homem sem progenitor humano, tornou-nos participantes da sua divindade!»

(Solenidade de Santa Mara Mãe de Deus, 1ª Antífona das I e II Vésperas: Liturgia Horarum)

O Messias de Händel

Natal do Senhor Jesus

A história do Natal começou na véspera do nascimento de Jesus, quando, segundo nos testemunha a Bíblia, os anjos anunciaram a chegada do menino.

Oficialmente, faz agora 2012 anos. Nessa altura, o imperador Augusto determinou o registo de toda a população do Império Romano por causa dos impostos, tendo cada pessoa, para o efeito de inscrever na sua localidade.

Segundo o Novo Testamento, José partiu de Nazaré para Belém, para esse efeito, e levou com ele a sua esposa, Maria, que esperava um Filho. Ao longo da viagem, chegou a hora de Maria dar à luz, e como a cidade estava com os albergues completamente cheios, tiveram de pernoitar numa gruta. Foi nessa região da Judeia, que Jesus nasceu.

Diz a Bíblia que um Anjo desceu sobre os pastores que guardavam os seus rebanhos durante a noite e disse-lhes: «Deixai o que estais a fazer e vinde adorar o menino, que se encontra em Belém e é o vosso Redentor». Os pastores foram apressados, procurando o lugar indicado pelo Anjo, e lá encontraram Maria, José e o menino. Ao vê-lo, espalharam a boa nova.

Os primeiros registos da celebração do Natal têm origem na Turquia, a 25 de Dezembro, em meados do sec II.

No ano 350, o Papa Júlio I levou a efeito uma investigação pormenorizada e proclamou o dia 25 de Dezembro como data oficial e o Imperador Justiniano, em 529, declarou-o feriado nacional.

O período das festas alargou-se até à Epifania, ou seja vai desde 25 de Dezembro até 6 de Janeiro. O dia 6 de Janeiro é o chamado dia dos Reis Magos.

A religião Cristã foi, depois, abraçando toda a Europa, dando a conhecer a outros povos a celebração do Natal. Em Inglaterra, o primeiro arcebispo de Cantuária foi responsável pela celebração do Natal. Na Alemanha, foi reconhecido em 813, através do sínodo de Mainz. Na Noruega, pelo rei Hakon em meados de 900. E em finais do séc. IX, o Natal já era celebrado em toda a Europa.

Os Evangelhos de S. Lucas e S. Mateus relatam a história do nascimento de Jesus. Só que, ao contrário do que julgávamos, Jesus não teria nascido no Inverno e sim na Primavera ou no Verão - os pastores não guardariam os rebanhos nos montes com o rigor do Inverno...

Em relação à data do nascimento de Jesus, existem algumas dúvidas. A estrela que guiou os Magos até à gruta de Belém deu lugar a várias explicações.

Alguns cientistas afirmam que deverá ter sido um cometa. No entanto, nessa altura não há registo que algum cometa tivesse sido visto.

Outros dizem que, no ano 6 ou 7 a. C., houve um alinhamento dos planetas Júpiter e Saturno mas também não é muito credível, para que se considere esse o ano do nascimento de Jesus.

Por outro lado, a visita dos Reis Magos é comemorada 12 dias depois do Natal (Epifania) sendo tradicional festejar este acontecimento em pleno Inverno, a 6 de Janeiro.

De qualquer forma, para além da certeza histórica de uma data, é o mistério do Nascimento de Jesus Cristo que os cristãos celebram. E esse é eterno!

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

«E o Verbo fez-Se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a Sua glória»

Beato Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense
5º sermão de Natal


Hoje, meus irmãos, foi para ouvir a palavra de Deus feito homem que vos reunistes. Eis que Deus nos prepara melhor: hoje é-nos dado, não só escutar, mas também ver a Palavra de Deus. Vê-la-emos se formos a Belém ver essa Palavra, essa nova que o Senhor fez e nos apresenta. [...] É mais difícil acreditar naquilo que escutamos sem ver. [...] Assim, Deus, que Se molda à nossa fraqueza, depois de ter tornado a Palavra audível, torna-Se hoje visível e mesmo palpável. Foi assim que as primeiras testemunhas do mistério puderam afirmar: «O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos tocaram relativamente ao Verbo da Vida, isso vos anunciamos» (1Jo 1,1.3). [...]

Se houver no meio de nós algum irmão que seja ainda lento a crer, não quero fatigar-lhe os ouvidos mais tempo com a minha palavra sem valor. Que também ele vá a Belém! Que contemple com os seus olhos Aquele que os anjos desejam ver (cf 1Pe 1,12); o Verbo de Deus que o Senhor nos revela, a Palavra de Deus «viva e eficaz» (Heb 4,12) repousa numa manjedoura. Se a fé ilumina o olhar que contempla, haverá espectáculo mais admirável? [...] «É uma palavra fiel e digna de toda a confiança» (1Tm 1,15) a tua Palavra omnipotente, Senhor. Descida com grande profundidade de silêncio do alto da Tua morada real (Sb 18,14-15), até uma manjedoura, a Tua Palavra fala-nos agora melhor através do Seu próprio silêncio. [...]

Vós também, irmãos, encontrareis hoje o Menino, a Palavra silenciosa, envolvido em panos, pousado no berço do altar. Que a banalidade do que O envolve não perturbe o olhar da vossa fé quando contemplardes o Seu corpo adorável nas espécies sacramentais. Tal como Maria outrora O envolveu em panos, assim também a graça e a sabedoria de Deus envolvem hoje a majestade oculta da Palavra de Deus.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

«Nascido do Pai antes de todos os séculos [...] fez-Se homem [...] e nasceu da Virgem Maria (Credo)

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo
Sermão 10, sobre o Natal do Senhor, PL 57, 24

Caríssimos irmãos, há dois nascimentos em Cristo, e tanto um como o outro são a expressão de um poder divino que nos ultrapassa absolutamente. Por um lado, Deus gera o Seu Filho a partir de Si mesmo; por outro, Ele é concebido por uma virgem por intervenção de Deus. [...] Por um lado, Ele nasce para criar a vida; por outro, para eliminar a morte. Ali, nasce de Seu Pai; aqui, é trazido ao mundo pelos homens. Por ter sido gerado pelo Pai, está na origem do homem; por ter nascido humanamente, liberta o homem. Uma e outra formas de nascimento são propriamente inexprimíveis e ao mesmo tempo inseparáveis. [...]

Quando ensinamos que há dois nascimentos em Cristo, não queremos com isto dizer que o Filho de Deus nasça duas vezes; mas afirmamos a dualidade de natureza num só e mesmo Filho de Deus. Por um lado, nasceu Aquele que já existia; por outro, foi produzido Aquele que ainda não existia. O bem-aventurado evangelista João afirma isto mesmo com as seguintes palavras: «No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus»; e ainda: «E o Verbo fez-Se homem».

Assim, pois, Deus, que estava junto de Deus, saiu Dele, e a carne de Deus, que não estava Nele, saiu de uma mulher. Assim, o Verbo fez-Se carne, não de maneira que Deus Se diluísse no homem, mas para que o homem fosse gloriosamente elevado em Deus. É por isso que Deus não nasce duas vezes; mas, por estes dois géneros de nascimentos – a saber, o de Deus e o do homem –, o Filho único do Pai quis ser, a um tempo, Deus e homem na mesma pessoa: «E quem poderá contar o Seu nascimento?» (Is 53, 8 Vulg)

«Deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus»


São Basílio (c. 330-379), monge e bispo de Cesareia da Capadócia, Doutor da Igreja
Homilia sobre a santa concepção de Cristo, 2.6; PG 31, 1459s 

Deus na terra, Deus entre os homens! Desta vez, Ele não promulga a Sua Lei no meio dos relâmpagos, ao som da trombeta, numa montanha fumegante, na obscuridade de uma tempestade aterradora (Ex 19, 16ss.), mas recria-Se, de forma mansa e pacífica, num corpo humano, com os Seus irmãos de raça. Deus encarnado ! [...] Como pode a divindade viver na carne? Como o fogo subsiste no ferro, não deixando o local onde arde, mas comunicando-se-lhe. Com efeito, o fogo não se lança sobre o ferro mas, permanecendo no seu local, comunica-lhe o seu poder. Ao fazê-lo, não fica minimamente diminuído, mas preenche plenamente o ferro ao qual se comunica. Da mesma forma, Deus, o Verbo que «vive no meio de nós», não saiu de Si mesmo: «O Verbo que Se fez carne» não foi submetido à mudança; o céu não foi despojado d'Aquele que contém, e no entanto a terra acolhe no seu seio Aquele que está nos céus.

Apreende este mistério: Deus está na carne de forma a destruir a morte que nela se esconde. [...] Quando se «manifestou a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2, 11), quando «brilhou o sol de justiça» (Ml 3, 20), «a morte foi tragada pela vitória» (1Co 15, 54) porque não podia coexistir com a verdadeira vida. Ó profundidade da bondade de Deus e do amor de Deus pelos homens! Demos glória com os pastores, dancemos com os coros dos anjos, porque «hoje nasceu o Salvador que é o Messias Senhor» (Lc 2, 11-12).

«O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina»

Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge beneditino, depois cisterciense
A Contemplação de Deus, 10

Sim, Tu amaste-nos primeiro, para que nós Te amássemos. Tu não necessitas do nosso amor, mas só poderemos atingir os Teus desígnios amando-Te. Por isso, «muitas vezes e de muitos modos falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Seu Filho», (Heb 1, 1), o Seu Verbo. Foi por Ele que «a palavra do Senhor criou os céus, e o sopro da Sua boca, todos os astros» (Sl 32, 6). Para Ti, falar através do Teu Filho não é outra coisa que mostrares, fazeres ver com brilho quanto e como nos amas, dado que não poupaste o Teu próprio Filho, mas O entregaste por todos nós (Rom 8, 32). E também Ele nos amou e a Si mesmo se entregou por nós (Gal 2, 20).

Tal é a Palavra, o Verbo Todo-poderoso que nos diriges, Senhor. Enquanto todos mergulhavam no silêncio, ou seja, na profundidade do erro, Ele desceu das moradas reais (Sab 18, 14), para abater duramente o pecado e enaltecer suavemente o amor. E tudo quanto fez, tudo quanto disse na terra, até os opróbrios, até os escárnios e as bofetadas, até a cruz e o sepulcro, não eram mais que a Tua palavra pelo Teu Filho, palavra que nos incita ao amor, palavra que desperta em nós o amor por Ti.

Sabias com efeito, Deus, Criador das almas, que as almas dos filhos dos homens não podem ser forçadas a esta afeição, mas que é necessário provocá-las. Porque, onde houver constrangimento, não há liberdade; e onde não há liberdade, não há justiça. [...] Quiseste que Te amássemos, porque em justiça não podíamos ser salvos sem Te amar. E não podíamos amar-Te a menos que o amor partisse de Ti. Por conseguinte, Senhor, como apóstolo do Teu amor o digo, Tu amaste-nos primeiro (1Jo 4, 10), e primeiramente amas todos os que Te amam. Mas nós, nós amamos-Te pela afeição de amor que puseste em nós.

«A quantos O receberam, aos que n'Ele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus»

Contemplai os mistérios do amor e vereis «o seio do Pai», que «nos deu a conhecer o Seu Filho unigénito», que é Deus (Jo 1,18). Deus é amor (1Jo 4,8) e, devido a este amor, deixou-Se ver por nós. No Seu ser inexprimível, é Pai; na Sua compaixão para connosco, tornou-Se Mãe. Ao amar, o Pai revela também uma dimensão feminina.

A prova incontestável é Aquele que gera de Si mesmo. E este Filho, fruto do amor, é amor. Por causa deste amor, Ele próprio Se baixou. Por causa deste amor, revestiu-Se da nossa humanidade. Por causa deste amor, sofreu livremente tudo o que diz respeito à condição humana. Assim, colocando-Se ao nível da nossa fraqueza porque nos amava, pôs-nos em igualdade à Sua força. Quando estava a ponto de Se oferecer em sacrifício e Se dar a Si próprio como preço da redenção, deixou-nos um testamento novo: «Dou-vos o Meu amor» (cf Jo 13,34; 14,27). Que amor é este? Qual o seu valor? Por cada um de nós, «entregou a Sua vida» (1Jo 3,16), uma vida mais preciosa que todo o universo.

São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo
Homília «Os ricos poderão salvar-se?», 37

O Evangelho do Natal do Senhor - 25 de dezembro de 2012

No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus.
No princípio Ele estava em Deus.
Por Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio à existência.
Nele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir. E a Vida era a Luz dos homens.
A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam.
Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
Este vinha como testemunha, para dar testemunho da Luz e todos crerem por meio dele.
Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz.
O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina.
Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não o reconheceu.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram de laços de sangue, nem de um impulso da carne, nem da vontade de um homem, mas sim de Deus.
E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João deu testemunho dele ao clamar: «Este era aquele de quem eu disse: 'O que vem depois de mim passou-me à frente, porque existia antes de mim.'»
Sim, todos nós participamos da sua plenitude, recebendo graças sobre graças.
É que a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo.
A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer.


Jo 1, 1-18

'Natal' poema do Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

Há dois mil anos, nos arredores de Belém,
veio ao mundo o Deus encarnado, Jesus,
tão só na companhia de São José e sua Mãe
ao mundo das trevas veio Deus, a Luz da Luz.

É Cristo, o Rei dos Reis e Imperador
como Senhor Deus que é omnipotente
e apesar de ser do mundo grande Senhor
nasce pobre, desvalido e indigente.

Não há p’ra Ele lugar na fraca pousada
e não há outra casa para o albergar
Ele, que todas as coisas tirou do nada,
E que veio ao mundo para todos salvar!

Na fria solidão daquela amargura
apenas um estábulo encontrou José
onde só velhas tábuas e palha dura
servem de mísero berço ao Autor da fé.

No doce coração puríssimo de Maria
uma chama de amor vivo resplandece,
luz que brilha e faz da noite claro dia,
fogo que arde ao som de humilde prece:

- Meu divino Filho, meu Jesus, meu amor,
que agora vejo em provação tão atroz
confesso-Vos contudo meu Deus e Senhor
e peço-Vos que tenhais piedade de nós!

Perdoai, Senhor nosso, esta manjedoura,
o estábulo que vos serve de morada
e também a pobreza tão confrangedora
qual é a desta vossa humilde criada!

Nas palhinhas deitado, o Menino sorriu
e assim disse à Virgem Imaculada:
- Bendita aquela que a voz de Deus ouviu
e, sendo alta Rainha, se fez escrava!

Quanta riqueza, Senhora, não vale nada
se comparada com a pobreza de quem tem,
em noite escura, numa gruta gelada,
o tesouro do doce sorriso de sua Mãe!

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Hodie Christus Natus Est




Natal, um novo encontro com Deus