Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 13 de agosto de 2017

São Josemaría Escrivá nesta data em 1931

Anota nos seus Apontamentos íntimos: “Minha Virgem dos beijos: acabarei por comê-la”. Anos mais tarde explicará: “Eu tinha uma imagem da Virgem que os comunistas me roubaram durante a Guerra de Espanha e a que chamava a Virgem dos beijos. Estava no quarto do Diretor da primeira Residência que tivemos. Eu nunca saía nem entrava em casa sem ir àquele quarto dar um beijo à imagem. Parece-me que tinha medo… Mas tantas vezes tenho dito que não tenho medo de ninguém nem de nada, que não vamos agora falar de medo. Era um beijo de filho que tinha preocupação pela sua excessiva juventude, e que ia buscar em Nossa Senhora toda a ternura do seu carinho. Toda a fortaleza de que necessitava procurava-a em Deus através da Virgem”.

Bom Domingo do Senhor!

Procuremos ter a firmeza na fé que Pedro momentaneamente não teve como nos narra o Evangelho de hoje (Mt 14, 22-33) e seguros que o Senhor está sempre connosco não hesitemos perante as dificuldades e demos-Lhe graças pelo seu infinito amor.

Louvado seja o Pai pelo Filho que nos enviou e que é Deus com Ele na unidade do Espírito Santo!

A memória do amor


Com a solenidade dos pergaminhos latinos, o Papa Francisco publicou «junto a S. Pedro, no dia 11 de Junho de 2017, ano quinto do nosso pontificado», uma Carta apostólica sobre a memória daquelas pessoas que entregaram a sua vida por amor e perseveraram até à morte. Os documentos deste tipo são conhecidos pelas palavras iniciais, que neste caso são «maiorem hac dilectionem»: aquela frase em que Jesus diz que não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos (Jo 15, 13). Como é que começou a veneração aos santos?

Não se conhecem todos os pormenores. Conservar a memória dos mártires foi algo instintivo na Igreja. Os arquivos da burocracia romana ajudavam a compilar as actas dos martírios, mas o mais valioso era sempre espreitar o coração daqueles homens, daquelas mulheres, daquelas crianças. Os nomes dos juízes ou dos carrascos aparecem só de passagem, sem mais relevo que o local e as circunstâncias, porque as actas não perpetuavam a memória dos crimes, guardavam a memória do amor, mais forte que a morte, como diz o Cânticos dos Cânticos. A Igreja entende-se como uma família presente na Terra e no Céu, de modo que, para ela, os mártires continuam unidos aos vivos. Não em sentimento, na realidade. E, quem diz os mártires, diz os santos, porque a morte violenta nunca foi o elemento importante.

Há quem discorde deste culto; o facto é que tem sido assim há séculos e continua. Deus deu-nos a companhia dos santos, deveríamos prescindir deles?
Será que Deus esquece os que O amaram, quando eles morrem? A Igreja deveria deixar de imitar Deus, que guarda amorosamente a memória dos seus amigos através dos séculos?

Pormenor de uma das fachadas da catedral anglicana
de Westminster, em Londres. A estátua central deste
 friso representa o Arcebispo católico Óscar Romero.
Uma das figuras que a Igreja conserva no seu coração é o Bem-aventurado Óscar Romero, Arcebispo de San Salvador, mártir em 1980, beatificado em 2015. Nesta terça-feira, 15 de Agosto, Assunção de Nossa Senhora, coincidindo com os 100 anos do seu nascimento, conclui-se um ano de jubileu destinado a conseguir a reconciliação e a paz para El Salvador.

Na época em que Óscar Romero foi bispo, El Salvador sofria uma guerra civil sangrenta. De um lado, os Esquadrões da Morte, armados pelos militares e pelos Estados Unidos; do outro, a Frente Farabundo Martí, armada pela União Soviética através de Cuba. Uns e outros, mataram a eito. Perdeu-se o respeito pela vida, matavam porque sim, por hábito, por preconceito, por ódio. A morte do Arcebispo atingiu um sadismo requintado: um automóvel do Esquadrão da Morte parou em frente da porta aberta da capela do hospital, durante a Eucaristia, a seguir à Consagração, e um atirador disparou uma bala explosiva, com o gozo de ver o sangue do Arcebispo pingar sobre as hóstias brancas e a toalha do altar. A Igreja perdoou e reza pelo desgraçado assassino, mas, sobretudo, guarda no seu coração a memória de Óscar Romero, cristão vibrante, cheio de zelo pelas almas.

Felizmente, aquela guerra civil acabou, mas continua a morrer gente às mãos das marras (as organizações de tráfico de droga) e persistem injustiças gritantes, que afectam um grande número de pobres. O presente jubileu tem sido uma intensa oração ao Céu, para que Deus cuide o seu povo que sofre e lhe dê finalmente a justiça e a paz. O Papa encarregou o enviado especial às celebrações do dia 15 de lembrar aos salvadorenhos este «bispo e mártir, ilustre pastor e testemunha do Evangelho e defensor da Igreja e da dignidade dos homens, porta-voz do amor de Cristo entre todos, especialmente entre os pobres, os marginalizados e descartados», «que difundiu, a justiça, a reconciliação e a paz».

S. Maximiliano Kolbe
Antigamente, falava-se dos mártires da fé, por serem fiéis à verdade; nos últimos séculos, o motivo nem sempre foi a fé. Por exemplo, o Papa João Paulo II dizia de S. Maximiliano Kolbe que não tinha sido mártir da fé mas mártir da caridade. O mesmo aconteceu com o Beato Óscar Romero e com tantos outros, mortos por seguirem Deus, a Igreja e amarem o povo. É por essa razão que o Papa Francisco institucionalizou esta forma nova de martírio, que é entregar a vida por amor (Carta apostólica «maiorem hac dilectionem»).

Carta de D. Álvaro del Portillo
ao Arcebispo Óscar romero
O Papa Francisco referiu que parte do martírio do Arcebispo Óscar Romero foi a calúnia que se abateu sobre ele, chamando-lhe comunista. Nunca o foi. Desde o princípio dos anos 60, o seu guia espiritual era do Opus Dei – ele próprio o divulgava, para incentivar os padres da diocese a seguirem o seu exemplo, a formarem-se e a crescerem na vida espiritual. Imediatamente antes da Eucaristia em que o assassinaram, tinha estado num retiro sacerdotal organizado pelo Opus Dei. As calúnias não tinham o mínimo fundamento. Quando a prepotência cega, alguns não distinguem um guerrilheiro comunista de um sacerdote santo, de doutrina segura, que cuidava com esmero a liturgia.

José Maria C.S. André
13-VIII-2017
Spe Deus

«Tu és, realmente, o Filho de Deus!»

Origines (c. 185-253), presbítero e teólogo 
Comentário ao Evangelho segundo Mateus, 11, 6; PG 13, 919

Quando nos tivermos mantido firmes durante as longas horas da noite escura que reina nos momentos de provação, quando tivermos dado o nosso melhor [...], estejamos certos de que, quando a noite for adiantada e o dia estiver próximo (Rom 13, 12), o Filho de Deus virá até junto de nós, caminhando sobre as ondas. Quando O virmos aparecer assim, sentiremos receio até ao momento em que compreendermos claramente que é o Salvador que veio para o meio de nós. Julgando ainda ver um fantasma, gritaremos assustados, mas Ele dir-nos-á imediatamente: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!»

Pode ser que estas palavras façam surgir em nós um Pedro em caminho para a perfeição, que descerá do barco, certo de ter escapado à prova que os agitava. Inicialmente, o seu desejo de ir para o pé de Jesus fá-lo caminhar sobre as águas. Mas sendo a sua fé ainda pouco segura e estando ele próprio com dúvidas, notará «a violência do vento», sentirá medo e começará a ir ao fundo. Contudo, escapará a este mal porque lançará a Jesus este grito: «Salva-me, Senhor!» E mal este outro Pedro acabe de dizer «Salva-me, Senhor!», o Verbo estenderá a mão para o socorrer, e segurá-lo-á no momento em que ele começava a afogar-se, repreendendo-o pela sua pouca fé e pelas suas dúvidas. Note-se contudo que Ele não disse: «Incrédulo», mas «homem de pouca fé», e que está escrito: «Porque duvidaste?», quer dizer: «Tu tinhas um pouco de fé, mas deixaste-te levar em sentido contrário». E Jesus e Pedro subirão para o barco, o vento acalmará e os ocupantes, compreendendo a que perigos tinham escapado, adorarão Jesus dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!», palavras que apenas os discípulos que estão próximo de Jesus no barco podem dizer.