Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 7 de março de 2018

O outro lado do Pai Nosso


A Oração Eucarística

Locutor: Na Santa Missa, concluído o rito da apresentação do pão e do vinho, tem início a chamada Oração Eucarística. Corresponde à ação de Jesus na Última Ceia, quando se diz que Ele «deu graças» sobre o pão e, depois, sobre o vinho: o seu agradecimento revive em cada uma das nossas Eucaristias, associando-nos ao seu sacrifício de salvação. Por isso, o sacerdote começa por convidar o povo a levantar os seus corações para o Senhor e a dar-Lhe graças, dirigindo-se ao Pai por meio de Jesus Cristo no Espírito Santo. Na Oração Eucarística, temos, em primeiro lugar, o Prefácio, que é uma ação de graças pelos dons de Deus, especialmente pelo envio do seu Filho como Salvador, concluindo com a aclamação «Santo, Santo, Santo». Vem depois a invocação do Espírito Santo, chamada «epiclese», para que consagre, com o seu poder, o pão e o vinho: na verdade, a ação do Espírito Santo e a eficácia das próprias palavras de Jesus proferidas pelo sacerdote tornam realmente presente, sob as espécies do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue de Cristo, o seu sacrifício oferecido na cruz uma vez por todas. É o «mistério da fé» que toda a assembleia aclama e, pela voz do celebrante, oferece ao Pai como sacrifício de reconciliação pedindo para se tornar, pelo Espírito Santo, um só corpo e um só espírito. A Oração Eucarística pede a Deus que congregue todos os seus filhos. Ninguém fica esquecido – vivos ou defuntos –, mas tudo é reconduzido ao Pai «por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo», tornando-se a vida de cada qual um hino de ação de graças entoado em honra e glória da Santíssima Trindade. E assim, pouco a pouco, esta Oração central da Missa vai-nos educando para fazermos de toda a nossa vida uma ação de graças, uma «eucaristia».


Santo Padre:
Carissimi pellegrini di lingua portoghese e in particolare voi giovani di Castro Marim, benvenuti! Di cuore saluto tutti e affido al buon Dio la vostra vita e quella dei vostri familiari, invocando per tutti le consolazioni e le luci dello Spirito Santo affinché, vinti i pessimismi e le delusioni della vita, possiate attraversare la soglia della speranza che abbiamo nel Cristo risorto. Conto sulle vostre preghiere. Grazie!


Locutor: Queridos peregrinos de língua portuguesa e em particular os jovens de Castro Marim, sede bem-vindos! De coração saúdo a todos e confio ao bom Deus a vossa vida e a dos vossos familiares, invocando para todos as consolações e luzes do Espírito Santo, a fim de que, vencidos pessimismos e desilusões da vida, possais cruzar o limiar da esperança que temos em Cristo ressuscitado. Conto com as vossas orações. Obrigado!

Sejamos um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos

Interessa-me e muito, minhas filhas e filhos, que apliquemos estas considerações ao cuidado dos doentes: uma obra de misericórdia que Jesus Cristo premeia de modo especial. Rezemos também diariamente pelos que sofrem perseguição por causa das suas convicções religiosas. Ninguém nos é alheio! Roguemos ao Senhor que os assista com a Sua graça e lhes dê forças. E como a caridade é ordenada, ela deve chegar em primeiro lugar a quem está mais perto – membros da nossa família sobrenatural ou humana, amigos e vizinhos, colegas de trabalho –, a todos aqueles a quem nos unem laços especiais de fraternidade, pelas variadas situações em que nos encontramos.

Muito claras são as sugestões que transcrevo: consegue-se porventura experimentar que fazemos parte de um único corpo? Um corpo que, simulta¬neamente, recebe e partilha aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e peque¬ninos? Ou refugiamo-nos num amor universal, pronto a comprometer-se lá longe, no mundo, mas que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada (cfr. Lc 16, 19 31)? [5]

Aproveito estas linhas para agradecer novamente às minhas filhas e filhos, e a tantas pessoas que cuidam dos doentes e dos idosos, a sua generosa dedicação a esse trabalho: como Deus lhes sorri! Bem sei que, às vezes, surge nessa tarefa o cansaço. Mas voltemos então o olhar para uma realidade muito clara à luz da fé: atender quem não se pode valer por si mesmo, tanto na própria casa como noutros sítios, introduz-nos diretamente no Coração misericordioso do Senhor. Esmeremo-nos em dedicar-lhes os nossos melhores serviços, sem nunca regatear o sacrifício pessoal. Leio com frequência registos de como S. Josemaria visitava, alegre, os doentes – era uma necessidade, também para fazer o Opus Dei –, saía para estar com elas ou com eles. E daqueles momentos tirava forças para cumprir o que Deus lhe pedia.

Contamos na Obra com uma ampla experiência destas obras de misericórdia: não foi em vão, repito, que o Opus Dei nasceu e se consolidou entre os pobres e os doentes. É muito significativo para o nosso caminhar que no dia 19 de março de 1975, poucos meses antes de ir para o Céu – passaram quarenta anos – o nosso Padre tenha recordado com clareza aqueles começos, durante uma tertúlia familiar. Convido-vos a deter-nos novamente nas suas palavras.

Fui buscar fortaleza nos bairros mais pobres de Madrid. Horas e horas por todo o lado, todos os dias, a pé, de um lugar a outro, entre pobres envergonhados e pobres miseráveis, que não tinham nada de nada. Entre crianças de ranho na boca, sujos, mas crianças, que quer dizer almas agradáveis a Deus (…). E que salutar, que alegria! Foram muitas horas naquele trabalho, mas tenho pena que não tenham sido mais. E nos hospitais, e nas casas onde havia doentes, se se podem chamar casa àqueles casebres… Eram gente abandonada e doente, alguns com uma doença que na altura era incurável, a tuberculose (…).

Foram anos intensos, em que o Opus Dei crescia para dentro, sem darmos conta. Mas quis dizer-vos – algum dia vo-lo contarão com mais detalhe, com documentos e papéis – que a fortaleza da Obra foram os doentes dos hospitais de Madrid: os mais miseráveis, os que viviam nas suas casas, perdida até a última esperança humana, os mais ignorantes daqueles bairros mais periféricos [6].

Às doentes e aos doentes, sugiro que sejam dóceis e se deixem cuidar, que agradeçam o carinho humano e cristão que o próprio Jesus Cristo lhes dá através dos que se ocupam delas e deles. Quantas pessoas, também entre as que não possuem o tesouro da fé, ficam tocadas perante as manifestações de verdadeiro amor cristão e humano, e acabam por descobrir o rosto de Jesus nos doentes ou nas pessoas que por eles se gastam!

[5]. Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2015, 4-X-2014.
[6]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 19-III-1975 ("Por las sendas de la fé", ed. Cristiandad, 2013, pp. 146-147).

(D. Javier Echevarría na carta do mês de março de 2015)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Estórias sobre Jesus

Uma probabilidade não é um facto e a história constrói-se a partir da realidade e não na base de meras suposições

Reza a crónica que Reza Aslan, de 41 anos, muçulmano iraniano mas a residir nos Estados Unidos da América desde 1972, é académico e professor de escrita criativa na Universidade da Califórnia, Riverside. O seu recente livro, «O Zelota – A vida e o tempo de Jesus de Nazaré», agora vertido para português e objecto de ampla reportagem no jornal «i» de 15/02/2014, confirma a sua enorme criatividade, porque mais não é do que uma obra de ficção histórica, em que qualquer parecença com a realidade é mera coincidência.

É curioso que, embora nascido numa família não crente, Aslan, desde cedo, sentiu um especial fascínio pelo transcendente. Contudo, a sua vida conheceu não poucas ambiguidades: entusiasma-se com o fervor religioso da revolução iraniana, mas expatria-se na supostamente terra de Satã, que nem agora, que é muçulmano praticante, troca pelos rigores da ortodoxia maometana da sua pátria. Mais tarde, depois de participar num campo de férias evangélico, adere ao cristianismo, mas numa versão protestante e fundamentalista. Finalmente abraça a fé islâmica mas, paradoxalmente, continua a dizer que Jesus de Nazaré «é um homem interessante, que (…) deu um exemplo que devemos seguir», muito embora ele não só não o siga como o tenha trocado por Alá e pelo seu profeta…

É de saudar este interesse de autores muçulmanos por Cristo, mas é estranho o seu silêncio sobre Maomé. Será que a sua religião, ao contrário da cristã, que reconhece liberdade de pensamento e de expressão teológica aos seus fiéis, não lhes permite opinar em termos teológicos? Ou será que este mal disfarçado empenho em desacreditar Jesus de Nazaré é, afinal, uma acção da vanguarda do proselitismo islâmico no ocidente?

Apesar de se dizer, na referida reportagem, que «O Zelota» é «um retrato histórico, fruto de uma investigação intensa», a verdade é que a pesquisa deve ter sido escassa, porque as conclusões nada têm de histórico, nem de inédito.

Alguns exemplos. Afirma-se que o nascimento de Jesus em Belém é um mito, mas não se apresenta nenhum dado histórico, nem se cita nenhuma fonte que permita negar a veracidade dos dois textos bíblicos do século I que o atestam, nem a antiquíssima tradição local nesse sentido. Sendo de Nazaré Maria e José, julga Aslan que Jesus «deve ter nascido» lá, mas esta suposição carece de fundamento. Não é inverosímil que se nasça noutra terra que não a de que são naturais os progenitores: sei de uma família de oito irmãos, cujos pais e avós eram todos de Lisboa e, no entanto, quatro filhos nasceram no estrangeiro. Na história, como na vida, nem tudo o que parece, é.

Outra afirmação infundada: Jesus era «provavelmente um homem casado». Alguma prova? Nenhuma, mas Aslan acha que «é mais provável que Jesus tenha tido filhos e sido casado». Com a mesma razão, ou falta dela, poderia também supor que, sendo a maioria dos actuais cidadãos portugueses casados e com filhos, também qualquer padre deveria ser, para ele, «provavelmente um homem casado» e com geração… Acontece que uma mera probabilidade não é um facto e a história constrói-se a partir da realidade e não na base de fantasiosas suposições.

Talvez para aproximar o nosso Cristo do seu Maomé, apresenta Jesus como um mal-sucedido revolucionário. Esquece, no entanto, que o divino carpinteiro de Nazaré nunca pretendeu qualquer poder humano, mesmo quando este lhe foi oferecido pelo povo, que o aclamou como rei. Mais ainda, a ambição do poder é, para o Evangelho, a pior tentação, que Cristo liminarmente rejeitou. Não assim para Maomé, cuja crença se assume como política e está na origem dos regimes islâmicos teocráticos.

É tal a imaginação do autor que chega a pormenores que resultam ridículos, como quando sentencia que «Pilatos não terá lavado as mãos» (?!). O facto é irrelevante em si mesmo, mas não a gratuidade da afirmação, para a qual não apresenta, mais uma vez, nenhum suporte histórico credível.

Afinal, «O Zelota» não é uma outra história de Jesus de Nazaré, mas uma estória de um Jesus imaginário, que não o Jesus da história. Só este é, de facto, o Cristo da fé.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

O Evangelho do dia 7 de março de 2018

«Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para os abolir, mas sim para cumprir. Porque em verdade vos digo: antes passarão o céu e a terra, que passe uma só letra ou um só traço da Lei, sem que tudo seja cumprido. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos mesmo dos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será considerado o mais pequeno no Reino dos Céus. Mas o que os guardar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus.

Mt 5, 17-19